São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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Reestruturação é calote controlado

DA REPORTAGEM LOCAL

Os EUA relutaram em emprestar mais dinheiro à Argentina. O empréstimo acabou saindo com parte do dinheiro -US$ 3 bilhões- condicionada à reestruturação da dívida. Do ponto de vista das autoridades norte-americanas, a condição é uma questão de honra, já que a administração republicana quer que os credores privados da Argentina também arquem com os custos da ajuda aos argentinos.
O raciocínio é o seguinte: se toda vez que uma país enfrenta problemas as instituições multilaterais o socorrem, os credores passam a contar com isso e ignoram os riscos de emprestar para esses países. É o que os economistas chamam de risco moral: certos de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai ajudar, os grandes bancos ignoram os riscos dos empréstimos.

Risco moral
Na avaliação dos norte-americanos que pedem a reestruturação, a imposição de perdas aos credores elimina ou diminui o risco moral, fazendo com que os bancos fiquem mais cautelosos.
No fundo, a reestruturação significa que parte dos credores da Argentina vai receber menos do que esperava pelos títulos que comprou.
Ou seja, ela acaba sendo uma espécie de calote controlado: o governo argentino chama os credores, negocia uma troca de títulos com juros menores e prazos maiores ou mesmo com um valor menor do que os títulos no mercado.
A reestruturação, se aceita pelos credores que, a princípio, adeririam voluntariamente, melhoraria o perfil da dívida já que: 1) reduziria os juros pagos pela Argentina; 2) alongaria os prazos e 3) poderia reduzir o valor do principal, dependendo do tipo do acordo.


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