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RETOMADA
Estudo do Iedi com 108 balanços mostra queda de 29,7% para 24,7% na rentabilidade no primeiro semestre
Valorização do real reduz ganhos da indústria
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Apesar de todo otimismo na
economia, as grandes empresas
industriais do país registraram
queda de desempenho no primeiro semestre de 2004 em relação ao
mesmo período de 2003, segundo
estudo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) feito a partir do balanço
de 108 companhias de 23 diferentes setores.
De acordo com o trabalho do Iedi, a rentabilidade (lucro sobre o
patrimônio líquido) das empresas
caiu de 29,7% para 24,7% entre os
primeiros seis meses de 2003 e o
mesmo período de 2004. O lucro
sobre a receita líquida caiu de 15%
para 12,6% no mesmo período de
comparação.
Se for excluída a Petrobras, que
responde por cerca de 34% da
amostra do Iedi, a rentabilidade
da indústria cai menos: de 23,9%
para 23,2%, entre os primeiros semestres de 2003 e 2004.
O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), atribui essa queda na rentabilidade à
variação cambial.
Como a exportação foi o carro-chefe da indústria neste ano, a
queda do câmbio afetou a rentabilidade dos setores mais voltados
para o mercado externo. No primeiro semestre de 2003, a média
do dólar ficou em R$ 3,27, enquanto nos primeiros seis meses
deste ano a média foi de R$ 2,97.
Na frente dos bancos
O trabalho do Iedi mostra que a
rentabilidade da indústria no primeiro semestre deste ano foi superior à de quatro bancos (Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa)
classificados entre os dez maiores
do país. A taxa de retorno desses
quatro bancos foi de 21,7% nos
primeiros seis meses deste ano,
abaixo dos 22,5% no mesmo período de 2003.
A grande diferença entre o desempenho das instituições financeiras e o das empresas industriais, segundo Gomes de Almeida, é que os bancos sempre ganham, mesmo na crise.
Segundo o estudo do Iedi, um
dos setores que apresentaram
maior redução na rentabilidade
neste ano sobre 2003 foi o de petróleo e gás (leia-se Petrobras): a
queda foi de 27,2% para 14,9%.
Outros setores que apresentaram quedas significativas foram:
alimentos (de 33,2% em 2003 para 17,3% em 2004); papel e celulose (de 46,3% para 17,6%); químico (de 25,5% para 17,6%); e material de construção (de 15,3% para
2,8%).
Entre os setores que conseguiram melhorar seus desempenhos
destacam-se: bebidas e fumo (de
11,3% em 2003 para 22,5% em
2004); calçados (de 1,7% para
4,7%); máquinas e equipamentos
(de 13,8% para 20,1%); material
aeronáutico (de 12,6% para
28,4%); e utilidades domésticas
(de -52,8% para 9,5%).
O trabalho do Iedi chama a
atenção para o fato de que os setores que dependem com mais intensidade do consumo doméstico
tiveram um desempenho mais
fraco do que a média, como no caso de metalurgia, calçados, máquina e equipamentos, material
de transporte, utilidades domésticas, química e madeira.
De acordo com o estudo do Iedi,
no primeiro semestre de 2004 não
houve uma variação significativa
no endividamento na indústria. A
relação entre o capital de terceiros
e o capital próprio registrou uma
pequena variação de 1,53 para
1,56 entre junho de 2003 e o mesmo mês deste ano. Sem a Petrobras, esse indicador subiu de 1,57
para 1,65.
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