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Cresce fusão nos setores de álcool e açúcar
Negócios até junho igualam o total de 2005 e podem superar recorde de 2001
Cotações em alta das duas commodities e mercado
muito pulverizado explicam tendência, que continua até
o próximo ano, diz analista
DA REDAÇÃO
A expansão do mercado sucroalcooleiro tem levado o setor a um movimento de consolidação. Nos seis meses iniciais
de 2006, foram registradas sete
transações de fusões e aquisições entre empresas de açúcar
e álcool no Brasil, mesmo número de todo o ano passado, segundo a consultoria KPMG.
Ao menos dez operações estão em andamento e, provavelmente, o número final em 2006
deve superar as 11 registradas
em 2001, maior dado em dez
anos, afirma André Castello
Branco, sócio da KPMG na área
de fusões e aquisições.
O crescimento nas transações no setor deve se manter ao
menos até o fim de 2007 porque "o mercado, extremamente pulverizado, necessita de
consolidação", diz o analista.
Segundo ele, o maior "player"
do setor possui cerca de 10% de
participação de mercado.
Entre as razões que reforçam
a tendência, o fato de que compradores devem continuar a
oferecer "bons preços" pelos
ativos, empresas maiores que
se capitalizam e a atuação de
investidores estrangeiros.
Embora ainda seja um segmento de transações predominantemente domésticas em razão dos riscos envolvidos com
empresas familiares e das dificuldades de negociações com
as famílias -que são características desse ramo-, o cenário
começa a mudar devido ao interesse crescente de estrangeiros, afirma o analista.
Três das sete operações realizadas até junho foram "cross
border", ou seja, tiveram uma
empresa do exterior envolvida.
O número é superior ao de
2005, quando houve duas transações com esse aspecto.
O interesse de estrangeiros
pelo setor explica-se pela elevação dos preços de açúcar e do
álcool nos últimos anos. O contrato de açúcar cresceu mais de
100% entre o início de 2005 e o
deste ano, enquanto a demanda
por álcool aumentou com a alta
da cotação do petróleo.
No Brasil, os custos de produção ainda são menores do
que a média mundial -no caso
do etanol, a diferença chega a
50%, segundo a consultoria.
Há poucos dias, por exemplo,
o maior grupo de açúcar da Índia, a Bajaj Hindusthan, anunciou plano de investir US$ 500
milhões no Brasil para atender
à demanda pelas commodities.
O número maior de fusões e
aquisições no setor representa,
na verdade, uma retomada.
Após um início de década aquecido, em 2003 e 2004 houve só
nove operações, 67% domésticas. A razão, diz o analista, foi a
diferença na expectativa de
preços dos ativos entre compradores e vendedores, devido
a fatores que poderiam elevar
os valores. Ele cita a discussão
da queda dos subsídios aos produtores de açúcar na Europa,
na época em estágio inicial.
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