São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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Cresce fusão nos setores de álcool e açúcar

Negócios até junho igualam o total de 2005 e podem superar recorde de 2001

Cotações em alta das duas commodities e mercado muito pulverizado explicam tendência, que continua até o próximo ano, diz analista


DA REDAÇÃO

A expansão do mercado sucroalcooleiro tem levado o setor a um movimento de consolidação. Nos seis meses iniciais de 2006, foram registradas sete transações de fusões e aquisições entre empresas de açúcar e álcool no Brasil, mesmo número de todo o ano passado, segundo a consultoria KPMG.
Ao menos dez operações estão em andamento e, provavelmente, o número final em 2006 deve superar as 11 registradas em 2001, maior dado em dez anos, afirma André Castello Branco, sócio da KPMG na área de fusões e aquisições.
O crescimento nas transações no setor deve se manter ao menos até o fim de 2007 porque "o mercado, extremamente pulverizado, necessita de consolidação", diz o analista. Segundo ele, o maior "player" do setor possui cerca de 10% de participação de mercado.
Entre as razões que reforçam a tendência, o fato de que compradores devem continuar a oferecer "bons preços" pelos ativos, empresas maiores que se capitalizam e a atuação de investidores estrangeiros.
Embora ainda seja um segmento de transações predominantemente domésticas em razão dos riscos envolvidos com empresas familiares e das dificuldades de negociações com as famílias -que são características desse ramo-, o cenário começa a mudar devido ao interesse crescente de estrangeiros, afirma o analista.
Três das sete operações realizadas até junho foram "cross border", ou seja, tiveram uma empresa do exterior envolvida. O número é superior ao de 2005, quando houve duas transações com esse aspecto.
O interesse de estrangeiros pelo setor explica-se pela elevação dos preços de açúcar e do álcool nos últimos anos. O contrato de açúcar cresceu mais de 100% entre o início de 2005 e o deste ano, enquanto a demanda por álcool aumentou com a alta da cotação do petróleo.
No Brasil, os custos de produção ainda são menores do que a média mundial -no caso do etanol, a diferença chega a 50%, segundo a consultoria.
Há poucos dias, por exemplo, o maior grupo de açúcar da Índia, a Bajaj Hindusthan, anunciou plano de investir US$ 500 milhões no Brasil para atender à demanda pelas commodities.
O número maior de fusões e aquisições no setor representa, na verdade, uma retomada. Após um início de década aquecido, em 2003 e 2004 houve só nove operações, 67% domésticas. A razão, diz o analista, foi a diferença na expectativa de preços dos ativos entre compradores e vendedores, devido a fatores que poderiam elevar os valores. Ele cita a discussão da queda dos subsídios aos produtores de açúcar na Europa, na época em estágio inicial.


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