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Turbulência pode dificultar aperto fiscal, diz Goldfajn
DA BLOOMBERG
O Brasil pode ter dificuldades em cumprir sua meta de superávit primário em 2009 devido à desaceleração da economia e à contração do crédito decorrentes da crise financeira
norte-americana, disse Ilan
Goldfajn, ex-membro do conselho supervisor do BC.
Goldfajn, que foi diretor do
BC de 2000 a 2003, disse que o
presidente Lula está diante de
"opções difíceis" no que se refere à redução dos gastos públicos, previstos para aumentar
13% no ano que vem, segundo a
proposta de Orçamento.
"Pela primeira vez o governo
Lula terá problemas em cumprir suas metas de superávit
primário", disse Goldfajn.
Desde que assumiu a Presidência, em 2002, Lula aumentou os gastos públicos, mantendo, no entanto, uma meta de
superávit primário de cerca de
3,8% do PIB (Produto Interno
Bruto), uma vez que o crescimento da economia aumentou
a arrecadação de tributos para
um nível recorde -deve superar R$ 1 trilhão neste ano. A
meta para este ano e para 2009
é de 4,3% do PIB.
A crise financeira mundial,
diz Goldfajn, deverá pôr em xeque a meta de crescimento da
economia, prevista no Orçamento, de 4,5%, que fundamenta o cálculo da arrecadação
tributária. O PIB do segundo
trimestre deste ano cresceu
6,1% e deverá se desacelerar até
o final do ano para aproximadamente 5%.
Goldfajn disse que o PIB brasileiro não deverá ter expansão
superior a 4% no ano que vem.
A opinião vale mesmo se o plano de US$ 700 bilhões para a
eliminação dos ativos sem liquidez do sistema bancário
norte-americano estabilizar a
economia dos Estados Unidos,
a maior do mundo.
Conta alta
Os gastos com pessoal do serviço público do governo federal
brasileiro deverão aumentar
16,5% no ano que vem, para R$
155,3 bilhões, num momento
em que o governo contrata
mais funcionários e eleva os salários. Desde que Lula assumiu
o poder, os gastos anuais com
funcionários públicos e com
soldos de militares no Executivo federal aumentaram 61%,
totalizando R$ 96,4 bilhões no
ano passado.
Para o ex-diretor do Banco
Central, essa não é uma questão fácil. "O problema é que é
tarde demais para voltar atrás
em alguns pagamentos, como
aumentos salariais, que já foram prometidos", disse.
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