São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Turbulência pode dificultar aperto fiscal, diz Goldfajn

DA BLOOMBERG

O Brasil pode ter dificuldades em cumprir sua meta de superávit primário em 2009 devido à desaceleração da economia e à contração do crédito decorrentes da crise financeira norte-americana, disse Ilan Goldfajn, ex-membro do conselho supervisor do BC.
Goldfajn, que foi diretor do BC de 2000 a 2003, disse que o presidente Lula está diante de "opções difíceis" no que se refere à redução dos gastos públicos, previstos para aumentar 13% no ano que vem, segundo a proposta de Orçamento.
"Pela primeira vez o governo Lula terá problemas em cumprir suas metas de superávit primário", disse Goldfajn.
Desde que assumiu a Presidência, em 2002, Lula aumentou os gastos públicos, mantendo, no entanto, uma meta de superávit primário de cerca de 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto), uma vez que o crescimento da economia aumentou a arrecadação de tributos para um nível recorde -deve superar R$ 1 trilhão neste ano. A meta para este ano e para 2009 é de 4,3% do PIB.
A crise financeira mundial, diz Goldfajn, deverá pôr em xeque a meta de crescimento da economia, prevista no Orçamento, de 4,5%, que fundamenta o cálculo da arrecadação tributária. O PIB do segundo trimestre deste ano cresceu 6,1% e deverá se desacelerar até o final do ano para aproximadamente 5%.
Goldfajn disse que o PIB brasileiro não deverá ter expansão superior a 4% no ano que vem. A opinião vale mesmo se o plano de US$ 700 bilhões para a eliminação dos ativos sem liquidez do sistema bancário norte-americano estabilizar a economia dos Estados Unidos, a maior do mundo.

Conta alta
Os gastos com pessoal do serviço público do governo federal brasileiro deverão aumentar 16,5% no ano que vem, para R$ 155,3 bilhões, num momento em que o governo contrata mais funcionários e eleva os salários. Desde que Lula assumiu o poder, os gastos anuais com funcionários públicos e com soldos de militares no Executivo federal aumentaram 61%, totalizando R$ 96,4 bilhões no ano passado.
Para o ex-diretor do Banco Central, essa não é uma questão fácil. "O problema é que é tarde demais para voltar atrás em alguns pagamentos, como aumentos salariais, que já foram prometidos", disse.


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