São Paulo, sexta, 24 de outubro de 1997.




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PRIVATIZAÇÃO
Ministro das Comunicações anuncia que as atuais 28 empresas do sistema de telefonia cairão para 13
Telebrás enxuga subsidiárias para venda

ELVIRA LOBATO
Enviada especial a Brasília

As 28 subsidiárias do sistema Telebrás serão reduzidas a 13 empresas para a privatização. O modelo de venda, anunciado ontem, implicará a extinção de cerca de cem cargos nas estatais do setor, grande parte deles ocupada por indicações políticas.
Serão criadas três companhias de telefonia fixa, nove de telefonia celular e a Embratel. O novo organograma entra em funcionamento ainda neste ano, como fase transitória para a venda.
Até a privatização, prevista para junho do ano que vem, as teles -subsidiárias estaduais da Telebrás- ficarão sob o comando de três "holdings virtuais" -empresas não formalizadas, mas que funcionarão na prática- que, com a Embratel, ficarão subordinadas à Telebrás.
O modelo, anunciado ontem pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, prevê um presidente e três diretores para cada "holding virtual". As teles terão apenas dois diretores superintendentes: um para telefonia fixa e outro para o serviço celular.
De acordo com a Telebrás, cerca de cem cargos de direção serão extintos com a mudança do organograma. Serão extintas as presidências das 27 telefônicas, embora seus ocupantes tenham sido indicados por partidos políticos.
O ministro Motta disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso conversou sobre o assunto com as lideranças dos partidos. "Houve entendimento de que a privatização já está em andamento. Os problemas políticos estão superados e a gestão das empresas será apenas profissional", declarou o ministro.
Divisão
O sistema Telebrás será privatizado da seguinte forma: a rede de telefonia fixa será transformada em três empresas regionais: Telesp, Tele-Norte/Nordeste/Leste e Tele-Centro/Sul (ver quadro).
A Telesp não será agrupada com nenhuma outra porque sua área de atuação, o Estado de São Paulo, já responde por 36% do PIB (Produto Interno Bruto) e por 22% da população do país. A empresa tem 5,074 milhões de linhas telefônicas.
A Tele-Norte/Nordeste/Leste vai abranger 16 Estados e terá um mercado com grandes desníveis socioeconômicos, que vai da Amazônia até Minas Gerais e Rio de Janeiro. Terá 5,642 milhões de linhas fixas e 39% da população nacional para atender.
A terceira empresa será a Tele-Centro/Sul, que abrangerá as regiões Sul e Centro-Oeste. Será a menor das três grandes teles: terá 3,694 milhões de linhas e 24% da população.
O ministério está negociando com o governo do Rio Grande do Sul a inclusão da telefônica gaúcha CRT no pacote de privatização da Telebrás. A CRT é controlada pelo governo estadual.
Celular
Os departamentos de telefonia celular das empresas do sistema Telebrás serão separados da rede fixa e agrupados em nove empresas que -à exceção de São Paulo- obedecerão à mesma divisão geográfica adotada na venda das concessões para o celular privado (banda B).
No celular privado, o Estado de São Paulo foi dividido em duas regiões: interior e Grande São Paulo. O serviço celular da Telesp, no entanto, será privatizado em bloco, ou seja, vai incluir capital e interior.
Envelope fechado
Segundo o ministro, a privatização do sistema será feita com um único edital e os candidatos entregarão suas propostas em envelopes fechados, como foi feito nas concorrências para a venda das concessões da banda B.
No dia 10 de novembro, o governo estará publicando o edital de concorrência para selecionar o consórcio que vai avaliar e assessorar o ministério e o BNDES na privatização das teles estatais. Em abril, segundo Motta, será publicado o edital de privatização.
Sérgio Motta disse que não iria fazer estimativas sobre o valor de venda das estatais, mas acabou deixando escapar que espera uma arrecadação de pelo menos R$ 25 bilhões.
Na avaliação do ministro, nenhum país fez até hoje uma privatização na área de telecomunicações similar à que será feita no Brasil.
Mesmo depois da privatização de suas subsidiárias, a Telebrás continuará sobrevivendo até que o governo decida o destino do centro de pesquisa que a estatal possui em Campinas (SP), onde trabalham 1.200 funcionários.



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