São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2001

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PRIVATIZAÇÃO

GP também se candidata; Vale, Votorantim e Tractebel podem formar consórcio e pedem adiamento da venda

Empresas querem adiar leilão da Copel

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL

Três grupos negociam a formação de um forte consórcio para disputar o leilão da Copel (Companhia Paranaense de Energia), mas nem assim há segurança de que o leilão será realizado em 31 deste mês, como previsto.
Os grupos brasileiros Vale do Rio Doce e Votorantim e o belga Tractebel querem fazer uma oferta conjunta pela Copel. Mas dizem que só vão participar da disputa se a data do leilão for adiada.
A entrega de documentos de pré-qualificação ao leilão, realizada na segunda-feira, revelou outra surpresa. Além da Vale, da Votorantim e da Tractebel, o administrador de fundos de investimentos GP também apresentou a papelada para participar do leilão.
Criado por ex-sócios do banco Garantia, o GP administra recursos de investidores em 27 empresas brasileiras, em setores como telecomunicações, imóveis, varejo e entretenimento.
Para participar do leilão, o GP criou uma empresa chamada Altere Participações S.A. Na Altere Participações podem estar reunidos desde investidores financeiros estrangeiros a empresas especializadas em energia.
A apresentação de quatro empresas para o leilão foi uma boa notícia para o governo do Paraná, uma vez que havia o temor de que o leilão fosse cancelado por falta de concorrentes.
Mas essa ameaça não foi totalmente afastada. Vale do Rio Doce, Votorantim e Tractebel dizem que não têm condições de fazer oferta pela Copel se a data do leilão não for alterada. Segundo as empresas, o governo do Paraná resiste em mudar a data da venda da estatal.
"Sem o adiamento, a chance de sucesso do leilão é próxima de zero", disse Maurício Bärh, presidente da Tractebel. A empresa solicitou oficialmente a mudança da data, mas ainda não obteve resposta do governo paranaense.
"Só faremos uma proposta com o adiamento do leilão", disse José Said de Brito, diretor da Votorantim Energia. A Votorantim Energia apresentou documentos em conjunto com a Vale, numa SPE (Sociedade de Propósito Específico), o que significa que as duas empresas participam ou desistem juntas do leilão. "Pedimos uma nova data. Mas o governo tem mostrado dificuldade em adiar", afirmou o diretor da Votorantim.
Segundo Said de Brito, são necessários mais 10 ou 15 dias para finalizar a avaliação da Copel e acertar os detalhes para formalizar o consórcio. Para Bärh, esse prazo é o mínimo para que a Tractebel possa avaliar as condições da venda da Copel.
"Ainda não chegamos a uma conclusão sobre o preço mínimo", afirmou Bärh. No mercado financeiro, calcula-se que a Copel deve ser negociada por um valor próximo de US$ 2 bilhões.
"As empresas ainda estão conversando. Tanto nós (Vale e Votorantim) como a Tractebel estamos com dificuldade em fechar a proposta de compra sozinhos. Precisamos de tempo para acertar o consórcio", disse Said de Brito.
Até o início da semana, acreditava-se que a Votorantim entraria no leilão por meio da VBC (empresa controlada pelos grupos Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa criada para explorar negócios na área de energia).
Mas a Votorantim decidiu entrar sozinha, para ampliar sua geração própria e abastecer suas fábricas que consomem muita eletricidade, como as de cimento e alumínio. "Olhamos o futuro e o aumento dos preços da energia com o livre mercado a partir de 2005", afirmou Said de Brito.
De acordo com Said de Brito, a Votorantim e a Vale ficariam responsáveis pela parte de geração de energia da Copel. Por isso, estão negociando com a Tractebel, que administraria a distribuição.
Maurício Bärh confirma que a Tractebel tem interesse na distribuição -ramo em que a empresa ainda não atua no Brasil. A Tractebel é a controladora da Gerasul.
Said disse que a Vale vai liderar o consórcio, tendo uma participação maior do que a da Votorantim no negócio. Mas o tamanho das participações só será definido após o acerto com a Tractebel.
"A Copel interessa para a Vale e para o Votorantim como investimento e porque pode fornecer energia para as empresas do grupo", diz Marcos Severine, analista do Sudameris.


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