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PRIVATIZAÇÃO
GP também se candidata; Vale, Votorantim e Tractebel podem formar consórcio e pedem adiamento da venda
Empresas querem adiar leilão da Copel
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL
Três grupos negociam a formação de um forte consórcio para
disputar o leilão da Copel (Companhia Paranaense de Energia),
mas nem assim há segurança de
que o leilão será realizado em 31
deste mês, como previsto.
Os grupos brasileiros Vale do
Rio Doce e Votorantim e o belga
Tractebel querem fazer uma oferta conjunta pela Copel. Mas dizem que só vão participar da disputa se a data do leilão for adiada.
A entrega de documentos de
pré-qualificação ao leilão, realizada na segunda-feira, revelou outra surpresa. Além da Vale, da Votorantim e da Tractebel, o administrador de fundos de investimentos GP também apresentou a
papelada para participar do leilão.
Criado por ex-sócios do banco
Garantia, o GP administra recursos de investidores em 27 empresas brasileiras, em setores como
telecomunicações, imóveis, varejo e entretenimento.
Para participar do leilão, o GP
criou uma empresa chamada Altere Participações S.A. Na Altere
Participações podem estar reunidos desde investidores financeiros estrangeiros a empresas especializadas em energia.
A apresentação de quatro empresas para o leilão foi uma boa
notícia para o governo do Paraná,
uma vez que havia o temor de que
o leilão fosse cancelado por falta
de concorrentes.
Mas essa ameaça não foi totalmente afastada. Vale do Rio Doce,
Votorantim e Tractebel dizem
que não têm condições de fazer
oferta pela Copel se a data do leilão não for alterada. Segundo as
empresas, o governo do Paraná
resiste em mudar a data da venda
da estatal.
"Sem o adiamento, a chance de
sucesso do leilão é próxima de zero", disse Maurício Bärh, presidente da Tractebel. A empresa solicitou oficialmente a mudança da
data, mas ainda não obteve resposta do governo paranaense.
"Só faremos uma proposta com
o adiamento do leilão", disse José
Said de Brito, diretor da Votorantim Energia. A Votorantim Energia apresentou documentos em
conjunto com a Vale, numa SPE
(Sociedade de Propósito Específico), o que significa que as duas
empresas participam ou desistem
juntas do leilão. "Pedimos uma
nova data. Mas o governo tem
mostrado dificuldade em adiar",
afirmou o diretor da Votorantim.
Segundo Said de Brito, são necessários mais 10 ou 15 dias para
finalizar a avaliação da Copel e
acertar os detalhes para formalizar o consórcio. Para Bärh, esse
prazo é o mínimo para que a
Tractebel possa avaliar as condições da venda da Copel.
"Ainda não chegamos a uma
conclusão sobre o preço mínimo", afirmou Bärh. No mercado
financeiro, calcula-se que a Copel
deve ser negociada por um valor
próximo de US$ 2 bilhões.
"As empresas ainda estão conversando. Tanto nós (Vale e Votorantim) como a Tractebel estamos com dificuldade em fechar a
proposta de compra sozinhos.
Precisamos de tempo para acertar
o consórcio", disse Said de Brito.
Até o início da semana, acreditava-se que a Votorantim entraria
no leilão por meio da VBC (empresa controlada pelos grupos
Votorantim, Bradesco e Camargo
Corrêa criada para explorar negócios na área de energia).
Mas a Votorantim decidiu entrar sozinha, para ampliar sua geração própria e abastecer suas fábricas que consomem muita eletricidade, como as de cimento e
alumínio. "Olhamos o futuro e o
aumento dos preços da energia
com o livre mercado a partir de
2005", afirmou Said de Brito.
De acordo com Said de Brito, a
Votorantim e a Vale ficariam responsáveis pela parte de geração
de energia da Copel. Por isso, estão negociando com a Tractebel,
que administraria a distribuição.
Maurício Bärh confirma que a
Tractebel tem interesse na distribuição -ramo em que a empresa
ainda não atua no Brasil. A Tractebel é a controladora da Gerasul.
Said disse que a Vale vai liderar
o consórcio, tendo uma participação maior do que a da Votorantim no negócio. Mas o tamanho
das participações só será definido
após o acerto com a Tractebel.
"A Copel interessa para a Vale e
para o Votorantim como investimento e porque pode fornecer
energia para as empresas do grupo", diz Marcos Severine, analista
do Sudameris.
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