São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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Mais pessoas procuram emprego, mas oferta de vagas não dá conta

DA SUCURSAL DO RIO

Mais pessoas procuraram emprego em setembro. Nem todas, porém, conseguiram ser absorvidas pelo número de vagas criadas no mês, o que pressionou a taxa de desemprego.
É o que revela a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, que apontou um crescimento de 28,6% no número de pessoas à procura de um trabalho de setembro do ano passado para setembro deste ano. No mesmo período, a oferta de vagas subiu num ritmo menor: 2,2%.
Em São Paulo, onde o desemprego foi recorde, ocorreu o mesmo movimento, mas de modo mais intenso: a ocupação subiu 1,1%, enquanto o total de desocupados cresceu 46,2%.
"O mercado de trabalho não está gerando postos suficientes. Não está absorvendo toda a procura", disse Shyrlene Ramos de Souza, economista do IBGE.
Tanto o aumento do número de ocupados quanto o de desocupados fez crescer a PEA (População Economicamente Ativa), que agrupa quem trabalha ou procura emprego. O crescimento foi de 3,8% ante setembro de 2001.
Para Souza, só cerca de 54% das pessoas que buscaram uma colocação em setembro conseguiram trabalho.
"Houve uma pressão muito grande pelo lado da oferta de trabalho. Foram gerados empregos, mas a oferta cresceu muito mais. Teve muita gente ingressando no mercado de trabalho", disse Lauro Ramos, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Marcela Prada, da Tendências Consultoria, o que explica o aumento da procura por trabalho é que neste momento de crise a renda familiar está deprimida e mais membros da família estão se lançando ao mercado.

Regiões
Entre as regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, a do Rio foi a que registrou o menor desemprego. Sem contar influências sazonais, a taxa ficou em 5,6%.
Apesar de mais baixo, o desemprego no Rio também cresceu: fora 5,2% em agosto. Na maior parte das seis regiões, a taxa subiu. Só caiu em Salvador -de 7,8% em agosto para 7,6% em setembro.
Depois de São Paulo, onde o desemprego atingiu o recorde histórico (9,4%), foi justamente Salvador que registrou a maior taxa. Em seguida, ficou Recife, onde o desemprego sofreu uma alta expressiva: de 5,7% em agosto para 7,3% em setembro.
Historicamente, o Rio sempre tem a taxa mais baixa de desemprego. Estudos do IBGE mostram que a região metropolitana é a com maior número de aposentados, o que influencia positivamente no resultado.
No Rio, o número de pessoas ocupadas também cresceu mais do que em São Paulo -3,1%, ante 1,1% em setembro em relação ao mesmo mês de 2001. Com isso, o mercado de trabalho carioca absorveu mais pessoas à procura de trabalho, o que impediu uma alta maior na taxa de desemprego.
Em Belo Horizonte, o desemprego ficou estável, em 7%. Em Porto Alegre, foi de 6,4%.
Segundo Ramos, do IBGE, o mercado de trabalho em Porto Alegre tem sido beneficiado pelo comportamento favorável da indústria, que na região é tipicamente exportadora e foi impulsionada pela queda do real.
O número de pessoas ocupadas na indústria de Porto Alegre cresceu 3,5% no acumulado do ano.


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