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Desaceleração nos EUA eleva desemprego global
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da taxa de desemprego não é um problema restrito
apenas aos países periféricos, como o Brasil. Desde 2001, a economia global experimenta o que os
economistas chamam de elevação
do desemprego conjuntural.
O desemprego conjuntural está
relacionado às variações em prazos curtos da atividade econômica do país ou global.
O principal motivador, segundo
o economista e secretário municipal de São Paulo Marcio Pochmann, é a desaceleração da economia americana. Sozinhos, os
EUA movimentam um terço da
economia mundial. Em setembro, a taxa de desemprego nos
EUA foi de 5,6% -pequena queda sobre agosto. Mas, em vez de
serem criados 5.000 novos postos,
como previam analistas, acabaram fechados 43 mil -fomentando o ceticismo sobre a retomada
de fôlego da economia local.
Na Alemanha, maior economia
da Europa, o desemprego tornou-se o tema mais caro ao premiê
Gerhard Schröder, em sua disputa pela reeleição, contra o conservador Edmund Stoiber. O desemprego atinge cerca de 4 milhões de
pessoas (9,9% da força de trabalho). Para analistas, além do fraco
desempenho da economia (a expansão do PIB neste ano não deve
superar 0,75%), a queda no desemprego esbarra na rigidez da legislação trabalhista alemã.
Quarta maior economia do
mundo, a França viu a taxa de desemprego aumentar 2,2 pontos
percentuais no ano passado
-chegando a 9,5%. O alto desemprego entre os mais jovens foi
explorado pelo líder de extrema
direita Jean-Marie Le Pen, que
passou ao segundo turno das eleições presidenciais, em maio.
Na Espanha, o governo enfrentou uma greve geral de 24 horas,
em junho, depois que decidiu reduzir benefícios trabalhistas, o
que afetou até as coberturas oficiais aos desempregados. A taxa
de desemprego, de 11,5%, é a
maior da União Européia.
A economia japonesa, estagnada há uma década, viu o desemprego passar de 2% para a casa de
5% nos últimos anos.
Mergulhada na mais grave crise
econômico-social de sua história,
a Argentina tem desempregados
22% da PEA, de acordo com o último relatório oficial, divulgado
em maio. Mas consultorias apontam nível próximo a 30%.
De qualquer forma, EUA, Japão
e as economias mais ricas da Europa exibem uma rede de proteção social e de benefícios a desempregados que não pode ser comparada à dos países pobres.
Outro fator diferencia ricos e
pobres: enquanto nos países ricos
houve uma redução do desemprego estrutural (dependente de
toda a cadeia produtiva) nos últimos anos, ocorreu o inverso nas
economias mais pobres.
"O emprego estrutural depende
da capacidade produtiva instalada", diz Pochmann. "Os países
que investiram em novas tecnologias, por exemplo, continuaram
com bom nível de emprego estrutural, contrariando o temor de
que essa revolução fosse significar
a perda maciça de postos."
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