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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Presidentes de grupos econômicos criticam indefinição de marcos regulatórios, juros altos e entraves burocráticos

Governo pede investimentos a empresários

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo reuniu ontem de manhã 13 empresários de diferentes setores para pedir que façam mais investimentos no Brasil e acreditem na política econômica.
A Folha apurou que os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) disseram aos empresários que o ajuste das contas públicas foi feito, a inflação está sob controle e estão dadas as condições para o crescimento.
"Começa uma nova fase", disse Dirceu, pedindo em seguida que os empresários invistam no país.
Outros encontros desse tipo serão organizados, inclusive com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é tentar fazer com que a economia real cresça. Lula se preocupa com a alta taxa de desemprego, a queda da renda dos trabalhadores e a demora da reação da economia real.
A reunião, que aconteceu na Casa Civil, serviu também para que os ministros dessem um recado aos empresários. Houve pedido para que não olhassem para trás, numa alusão a uma eventual remarcação de preços no fim do ano levando em conta a inflação passada -taxa maior do que a previsão de inflação futura.
Os ministros disseram que a PPP (Parceria Público-Privada) é uma demonstração de que o governo deseja incentivar o ingresso de capital privado em obras de infra-estrutura, garantindo-lhes retorno econômico.
Os empresários manifestaram apoio à política macroeconômica, mas criticaram a demora na definição de medidas essenciais à retomada do crescimento. Entre elas, a falta de marcos regulatórios, a suposta demora do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na análise de processos e entraves burocráticos no comércio exterior. Eles também criticaram a escassez de financiamento ao setor privado, agravada pelos juros altos.
Mas os empresários, em sua maioria presidentes de multinacionais, concordaram em que o pior já passou. Para eles, o governo conquistou a confiança do mercado e o passo seguinte seria a retomada do crescimento.

Pronunciamento
Palocci avisou que fará hoje pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV. A Folha apurou que foi suavizada a preocupação com a inflação. Depois de o jornal ter publicado no domingo que Palocci faria apelo aos empresários para não remarcar preços, houve reação negativa do mercado, que enxergou temor do governo com a inflação.
Palocci alterou o texto original, dando-lhe caráter otimista. Será nas conversas reservadas com empresários que o ministro adotará discurso mais aberto contra a remarcação de preços. Apesar de negar de público, essa é uma preocupação do governo.
O governo teme, por exemplo, baixar demais os juros e ser obrigado a elevá-los no fim do ano, caso haja pressão inflacionária. Isso é tudo que o presidente não quer.
Participaram da reunião os seguintes empresários: Josmar Verillo (Alcoa), Noberto Odebrecht (Construtora Odebrecht), Ivan Zurita (Nestlé), Sergio Barroso (Cargill), Mario Alves Barbosa Neto (Bunge), Marcos Queiroz Galvão (Construtora Queiroz Galvão), Ivoncy Ioschpe (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), José Augusto Marques (Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base), Fernando Machado Terni (Nokia), Luiz Carlos Cornetta (Motorola), Carlos Augusto Lira Aguiar (Aracruz), David Feffer (Suzano Holding) e Armando Monteiro Neto (CNI).


Colaborou Guilherme Barros, editor do Painel S.A.


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