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Brasil não aceita "ultimato" de Evo, diz Garcia
Emissário de Morales se reuniu com chefe da campanha de Lula para confirmar que prazo para novos contratos vence sábado
Em Brasília, Silas Rondeau disse que está "esperançoso" em chegar a um acordo dentro do limite previsto pela nacionalização
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um emissário do governo boliviano se reuniu na sexta-feira
com o coordenador de campanha de Lula, Marco Aurélio
Garcia, a quem teria confirmado declarações recentes do presidente Evo Morales, segundo
as quais não haverá adiamento
do prazo para a assinatura de
novos contratos de exploração
de gás com as petrolíferas, entre as quais a Petrobras. Segundo o decreto de nacionalização,
caso os acordos não sejam assinados até sábado, as empresas
serão expulsas da Bolívia.
Ontem, Garcia afirmou que,
se não houver acordo, a estatal
sairá do país vizinho. "Se nós
chegarmos a um acordo, ótimo,
estabeleceremos um novo contrato, faremos migrar o contrato atual para outro. Se não houver, a Petrobras se retirará da
Bolívia, muito simples".
Segundo ele, o Brasil tem que
esperar o resultado das negociações. "[Se a Petrobras sair da
Bolívia] ou ela será indenizada
por vontade do governo boliviano ou será indenizada em
razão de decisões de tribunais
internacionais. É muito simples, não tem dificuldade."
Questionado sobre o prazo,
Garcia, que deixou a assessoria
internacional do Planalto para
assumir a campanha, disse que
não existe ultimato por parte
da Bolívia, "até porque o Brasil
não aceita ultimatos" e que não
foi uma conversa oficial. "Não
adianta nada ele [emissário] dizer para mim, ele tem dizer ao
governo brasileiro".
Garcia afirmou que o atraso
nas negociações "não é responsabilidade nossa, mas do governo boliviano". "Se os negociadores não conseguirem chegar
aos detalhes do contrato, eles
podem chegar, até o fim do
mês, a um acordo e, a partir
desse acordo, negociar as cláusulas de forma mais detalhada.
Da nossa parte, pelas informações que tenho, o governo brasileiro está disposto a negociar
esse acordo", afirmou
O vice-ministro de Coordenação Governamental, Héctor
Arce, foi enviado ao Brasil apenas para se encontrar com Garcia, em São Paulo. Um dos principais colaboradores de Morales, tem como principal função
participar de negociações políticas em nome do governo.
"Esperançoso"
O ministro Silas Rondeau
(Minas e Energia) disse ontem
que acredita ser possível um
acordo com a Bolívia para resolver os impasses em relação à
atuação da Petrobras naquele
país no prazo estabelecido. "Estou muito esperançoso. Acho
que vamos chegar a acordo,
sim", disse. "Estamos chegando
a um consenso, sabemos que
tem uma data-limite no dia 28",
afirmou. "A questão do preço
está indo bem, a questão da refinaria está indo bem e a questão de exploração e produção a
tendência é ir bem."
Ontem, um grupo de técnicos
da Petrobras e dos ministérios
de Minas e Energia e das Relações Exteriores se reuniu, em
La Paz, com representantes bolivianos. Segundo Rondeau, os
bolivianos estão analisando
uma contraproposta feita pela
Petrobras na última sexta.
De acordo com o decreto de
nacionalização, de 1º de maio,
as empresas têm 180 dias para
assinar cerca de 70 novos contratos de exploração de gás e
petróleo com dez empresas
multinacionais. Apesar de esta
ser a última semana, nenhum
acordo foi assinado até agora.
Os dois principais impasses
entre a Petrobras e o governo
boliviano é a recusa da empresa
brasileira em ser apenas uma
prestadora de serviços para o
Estado e o aumento da tributação de 50% para 82%, medida
em vigor desde maio.
O governo boliviano afirmou
ontem que as auditorias realizadas nas empresas petroleiras
revelaram "lucros extraordinários" na exportação de gás ao
Brasil e à Argentina, em clara
alusão à Petrobras.
Colaborou FABIANA LEITE , da
Reportagem Local
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