São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

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Brasil não aceita "ultimato" de Evo, diz Garcia

Emissário de Morales se reuniu com chefe da campanha de Lula para confirmar que prazo para novos contratos vence sábado

Em Brasília, Silas Rondeau disse que está "esperançoso" em chegar a um acordo dentro do limite previsto pela nacionalização

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um emissário do governo boliviano se reuniu na sexta-feira com o coordenador de campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, a quem teria confirmado declarações recentes do presidente Evo Morales, segundo as quais não haverá adiamento do prazo para a assinatura de novos contratos de exploração de gás com as petrolíferas, entre as quais a Petrobras. Segundo o decreto de nacionalização, caso os acordos não sejam assinados até sábado, as empresas serão expulsas da Bolívia.
Ontem, Garcia afirmou que, se não houver acordo, a estatal sairá do país vizinho. "Se nós chegarmos a um acordo, ótimo, estabeleceremos um novo contrato, faremos migrar o contrato atual para outro. Se não houver, a Petrobras se retirará da Bolívia, muito simples".
Segundo ele, o Brasil tem que esperar o resultado das negociações. "[Se a Petrobras sair da Bolívia] ou ela será indenizada por vontade do governo boliviano ou será indenizada em razão de decisões de tribunais internacionais. É muito simples, não tem dificuldade."
Questionado sobre o prazo, Garcia, que deixou a assessoria internacional do Planalto para assumir a campanha, disse que não existe ultimato por parte da Bolívia, "até porque o Brasil não aceita ultimatos" e que não foi uma conversa oficial. "Não adianta nada ele [emissário] dizer para mim, ele tem dizer ao governo brasileiro".
Garcia afirmou que o atraso nas negociações "não é responsabilidade nossa, mas do governo boliviano". "Se os negociadores não conseguirem chegar aos detalhes do contrato, eles podem chegar, até o fim do mês, a um acordo e, a partir desse acordo, negociar as cláusulas de forma mais detalhada.
Da nossa parte, pelas informações que tenho, o governo brasileiro está disposto a negociar esse acordo", afirmou O vice-ministro de Coordenação Governamental, Héctor Arce, foi enviado ao Brasil apenas para se encontrar com Garcia, em São Paulo. Um dos principais colaboradores de Morales, tem como principal função participar de negociações políticas em nome do governo.

"Esperançoso"
O ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) disse ontem que acredita ser possível um acordo com a Bolívia para resolver os impasses em relação à atuação da Petrobras naquele país no prazo estabelecido. "Estou muito esperançoso. Acho que vamos chegar a acordo, sim", disse. "Estamos chegando a um consenso, sabemos que tem uma data-limite no dia 28", afirmou. "A questão do preço está indo bem, a questão da refinaria está indo bem e a questão de exploração e produção a tendência é ir bem." Ontem, um grupo de técnicos da Petrobras e dos ministérios de Minas e Energia e das Relações Exteriores se reuniu, em La Paz, com representantes bolivianos. Segundo Rondeau, os bolivianos estão analisando uma contraproposta feita pela Petrobras na última sexta. De acordo com o decreto de nacionalização, de 1º de maio, as empresas têm 180 dias para assinar cerca de 70 novos contratos de exploração de gás e petróleo com dez empresas multinacionais. Apesar de esta ser a última semana, nenhum acordo foi assinado até agora. Os dois principais impasses entre a Petrobras e o governo boliviano é a recusa da empresa brasileira em ser apenas uma prestadora de serviços para o Estado e o aumento da tributação de 50% para 82%, medida em vigor desde maio. O governo boliviano afirmou ontem que as auditorias realizadas nas empresas petroleiras revelaram "lucros extraordinários" na exportação de gás ao Brasil e à Argentina, em clara alusão à Petrobras.


Colaborou FABIANA LEITE , da Reportagem Local

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