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MERCADO FINANCEIRO
Segundo estudo do banco Itaú, correlação entre Embi+ e pregão mostra que há espaço para altas
Queda do risco ajuda Bolsa a bater recorde
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao atingir um novo recorde histórico de fechamento na sexta-feira passada, aos 19.248 pontos, a
Bolsa de Valores de São Paulo
correu atrás do risco-país, medido pelo índice Embi+ do JP Morgan, que caiu a 559 pontos, o menor nível desde maio de 1968.
"É forte a correlação entre Bolsa
e risco, cuja rápida queda surpreendeu o mercado. Ela [a Bolsa] se ajustou ao risco, mas ainda
está atrás do Embi", diz Walter
Mendes, superintendente de renda variável do banco Itaú.
Estudos realizados por seu departamento mostram, segundo
Mendes, que a Bolsa deveria estar
ainda mais valorizada para acompanhar o atual nível de risco-país.
"Deveria estar 5% mais alta apenas para ajustar-se ao patamar de
risco. Mas é apenas uma indicação. Não quer dizer que a Bolsa só
tenha potencial para subir isso.
Existe esse espaço. Pode ir, como
pode não ir", afirma.
Mendes reconhece, entretanto,
que há outras variáveis interligadas, como o desempenho das Bolsas dos EUA, taxa real de juros,
crescimento de lucros e de EBITDA (sigla em inglês para lucros
antes de juros, impostos, depreciação e amortização, isto é, geração de caixa operacional), além de
mudança no nível de preço que o
mercado paga pelas empresas.
O risco-país em baixa é importante, porque o mercado o utiliza
em suas estimativas de quanto as
empresas vão gerar de caixa no
futuro e, consequentemente, de
seus preços no presente. Ele também contribui para a captação de
recursos no mercado externo a
custos menores. No ano, o risco-país já caiu mais de 60%, enquanto a Bovespa subiu mais de 70%.
Para outros analistas, não se deve tomar uma correlação como
sendo a mais forte para a alta da
Bolsa. "O risco-país reflete a qualidade da gestão macroeconômica, assim como a Bolsa. As expectativas melhoram, investidores
calculam o valor presente do cenário vislumbrado lá na frente. O
pano de fundo é o mesmo. Então,
é razoável a correlação," afirma
João Luiz Máscolo, professor do
Ibmec.
Máscolo também vê espaço para valorização da Bolsa. "Com o
processo que sinaliza solidez a
médio prazo da política fiscal, déficits públicos menores, eventualmente superávit fiscal em 2006,
2007, relação dívida pública sobre
PIB em queda, além de controle
da inflação e aprovação de reformas, há potencial de alta", diz.
O cenário positivo no Brasil
ocorre apesar do ambiente externo adverso em razão de atentados
na Turquia. "Se o Brasil paga menos juros, o potencial de crescimento é maior, a relação dívida
externa sobre PIB tende a ser melhor. O mercado está atento e coloca no preço", diz Mendes.
Para ele, o recorde da Bolsa não
"quer dizer nada". "O recorde é só
nominal, porque em dólar, o Ibovespa (índice que acompanha as
54 ações mais negociadas na Bolsa) aos 6.525 está bem abaixo de
seu nível histórico mais alto."
A comparação é com o pico da
Bolsa em moeda americana, em
março de 2000, aos 10.807 pontos.
Esse foi, porém, o ápice da bolha
da Nasdaq. "Se o Brasil estiver
nesse processo de ajuste, essas referências não servem, porque a
economia muda", diz Máscolo.
Ato do Copom
Na semana, o evento mais
aguardado pelo mercado é a divulgação da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Segundo economistas, o documento deverá sinalizar o que
motivou o corte de juros deste
mês: se a taxa de inflação no curto
prazo ou o modelo de metas de
inflação para 2004.
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