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Meio Ambiente diz ser "bode expiatório"
Para ministério, projetos não saem do papel por problemas dos empreendedores e por falta de recursos, e não devido à questão ambiental
Secretário diz que existem apenas quatro processos de licenciamento ambiental
de hidrelétricas pendentes de decisão do Ibama
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento feito pelo Ministério do Meio Ambiente
contesta a avaliação de que o
atraso na concessão de licenças
ambientais seria um dos principais obstáculos a obras nas
áreas de energia e transportes
e, conseqüentemente, ao crescimento mais acelerado da economia brasileira. De acordo
com o ministério, problemas
dos empreendedores, a falta de
recursos públicos e decisões judiciais explicam por que parte
dos projetos não saiu do papel.
"Põem a culpa na questão
ambiental para justificar incompetências de outras naturezas. Não vamos mais servir
de bode expiatório", afirmou
Cláudio Langone, secretário-executivo do Ministério do
Meio Ambiente.
Na sexta-feira passada, ele
representou a ministra Marina
Silva na reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marina estava no Quênia quando o governo discutiu supostos
entraves ambientais ao desenvolvimento, sobretudo na área
de energia. As decisões tomadas no Planalto tiveram o aval
da equipe do Meio Ambiente.
De acordo com o levantamento do ministério, há apenas
quatro processos de licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas pendentes de decisão do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis), enquanto outros 14 projetos de hidrelétricas dependem de ações dos empreendedores. Desses 14 projetos, 6 já
têm autorização para iniciar as
obras e poderiam gerar 1.072
MW de energia.
Os projetos de hidrelétricas
pendentes de licença do Ibama
somam 7.681 MW de energia.
Depois que novos estudos sobre a situação de índios atingidos foram entregues neste mês,
a pedido da Funai (Fundação
Nacional do Índio), a licença
para o início das obras da usina
de Estreito deve ser emitida até
o final do ano.
Duas usinas no rio Madeira
(Santo Antonio e Jirau), em
Rondônia, devem ser liberadas
no primeiro trimestre de 2007,
mas não há previsão para o licenciamento das hidrelétricas
de Tijuco Alto, entre São Paulo
e Paraná.
Das obras analisadas em reunião com o presidente Lula, o
mais importante projeto de hidrelétrica teve o processo de licenciamento suspenso pela
Justiça Federal em fevereiro. A
usina de Belo Monte, no rio
Xingu, no Pará, poderá gerar
até 11.181 MW.
Segundo o Meio Ambiente, o
Ibama concedeu licença para
21 hidrelétricas desde março de
2003, com capacidade para gerar 4.882 MW. No mesmo período, o instituto licenciou três
termelétricas com capacidade
de produzir 744 MW. O potencial de geração de termelétricas
licenciadas e cujas obras não
foram iniciadas, como a usina
de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, chegaria a 894 MW.
Gasodutos
Na área de gasodutos, o ministério insiste em que não há
licenças em atraso. Haveria
1.824 quilômetros com licença
emitida para o início das obras
e outros 1.310 quilômetros já
com licença prévia.
O Meio Ambiente também
contesta que o processo de licenciamento ambiental seja
obstáculo para obras na área de
transportes. Entre os exemplos
analisados no Planalto, está a
BR-163, entre Guarantã do
Norte (MT) e Rurópolis (PA).
O Ibama concedeu licença
prévia para 840 quilômetros da
rodovia, mais do que o Orçamento da União teria condições de levar adiante.
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