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TÍTULOS PÚBLICOS
Redução de 28,5% em relação a este ano dará maior folga a Lula
Rolagem da dívida diminui em 2003
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo governo terá de rolar em
2003 uma parcela da dívida interna 28,5% menor que a vencida
neste ano. A rolagem, ou a substituição de títulos públicos vencidos por novos, deverá atingir neste ano cerca de R$ 307,3 bilhões
em títulos, que é quase a metade
do total da dívida em mercado.
Em novembro, essa dívida era
de R$ 631,46 bilhões. Para 2003,
estão programados vencimentos
de R$ 219,8 bilhões da dívida interna e outros US$ 11,2 bilhões da
dívida externa.
Para Rubens Sardenberg, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, a situação é bastante confortável. "Há uma margem razoável
de manobra e os vencimentos estão bem escalonados", diz o chefe
do Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes.
Mas a programação pode mudar radicalmente, como ocorreu
neste ano. No início do ano, o Tesouro esperava rolar bem menos
que R$ 300 bilhões em 2002. As
dúvidas do mercado financeiro
sobre as eleições presidenciais e as
próprias dificuldades da economia brasileira fizeram com que o
cenário mudasse.
O Tesouro teve que trocar títulos que estavam vencendo em
2004, em 2005 e em 2006 por outros com vencimento ainda neste
ano e no início de 2003. Além disso, as altas dos juros e do dólar
também elevaram os valores inicialmente previstos.
Os técnicos do Tesouro acreditam que o novo governo usará a
melhora do "apetite" do mercado
por títulos públicos e os baixos
vencimentos previstos para o primeiro trimestre de 2003 para aumentar suas reservas.
Esse aumento, que permite ao
governo ter mais recursos em caixa para administrar a dívida,
acontece quando o governo emite
mais títulos do que o valor dos papéis que estão vencendo.
No caixa, R$ 41 bi
O aumento das reservas seria interessante porque as preocupações dos técnicos estão concentradas no segundo trimestre do
ano que vem, quando estarão
vencendo R$ 90,5 bilhões em títulos. Neste ano, no mesmo período, venceram R$ 70,6 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, vem afirmando que o Tesouro pretende
deixar para o novo ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
cerca de R$ 41 bilhões em caixa.
Mas apenas R$ 31 bilhões desse
total estão hoje vinculados ao pagamento da dívida. Ou seja, a destinação do dinheiro restante também pode mudar.
As reservas do Tesouro chegaram a superar R$ 60 bilhões neste
ano. Mas as dificuldades de rolagem da dívida que o governo enfrentou no segundo semestre,
principalmente em outubro, reduziram o caixa.
Hoje, o Tesouro Nacional vem
vendendo R$ 6 bilhões em títulos
por semana. Houve momentos,
porém, em que a média semanal
esteve em R$ 500 milhões.
O aumento nas reservas do Tesouro tem o objetivo de garantir o
pagamento da dívida que está
vencendo. Ou seja, caso o governo não consiga substituir os papéis velhos por novos, poderá
simplesmente retirar os títulos
vencidos do mercado.
Os técnicos acreditam que o novo governo vai continuar tentando alongar os vencimentos da dívida em vez de alterar o perfil do
rendimento pago aos investidores.
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