São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BEBIDAS

Negócio é avaliado em US$ 3,6 bi; empresa será o segundo maior fabricante mundial da marca e líder de mercado na AL

Coca-Cola mexicana compra a Panamco

DA REPORTAGEM LOCAL

A maior engarrafadora de produtos da Coca-Cola no México, a Coca-Cola Femsa, anunciou ontem um acordo para adquirir a Panamco (Panamerican Beverages Inc.). Com a consolidação do negócio, a nova companhia passará a ser o segundo maior fabricante mundial de Coca-Cola e líder de mercado da marca na América Latina.
A transação está avaliada em US$ 3,6 bilhões, uma valorização de 65% sobre o valor médio das ações da Panamco no último ano. Os acionistas da Panamco receberão US$ 22 por ação ordinária classe A, totalizando US$ 1,82 bilhão. Os detentores de ações ordinárias classe B receberão US$ 38 por ação, o que soma US$ 247 milhões.
Do total desembolsado pela Coca-Cola Femsa na negociação, US$ 880 milhões serão destinados a assumir as dívidas pertencentes à Panamco.
A Panamco lidera o engarrafamento da Coca-Cola na América Latina e é responsável por 25% do mercado brasileiro dos produtos Coca-Cola.
Já a Coca-Cola Femsa, além de liderar o mercado mexicano de engarrafamento dos produtos da Coca-Cola, detém 36,5% das vendas na Argentina e tem participação de 3,4% nas vendas mundiais da Coca-Cola Co., que possui 30% da empresa mexicana.
Segundo nota divulgada à imprensa pela Panamco, a aquisição visa aumentar a escala de produção da Femsa no México e nos mercados da América Central, Colômbia, Venezuela, Argentina e Brasil.
"A combinação dos investimentos no engarrafamento da Panamco com a experiência profissional e tradição em gerar retornos, entre os maiores da indústria, da Coca-Cola Femsa abre uma perspectiva de maiores ganhos de produtividade para os nossos acionistas, distribuidores e colaboradores", afirmou José Antonio Fernandez, presidente da Coca-Cola Femsa. A opinião é endossada por Paulo Sá, presidente da Panamco Brasil.
O otimismo é gerado, principalmente, porque a negociação vai propiciar à Coca-Cola Co. unificar o sistema das operações de engarrafamento e de distribuição dos produtos da marca para 167 milhões de consumidores latino-americanos.
Após a consolidação da compra, a nova companhia vai manter o nome Coca-Cola Femsa. A previsão de receita está estimada em US$ 4,6 bilhões por ano, ante o US$ 1,9 bilhão movimentado pela companhia mexicana em 2001.
A transação foi aprovada pelos conselhos administrativos das duas empresas, mas a concretização do acordo ainda está sujeita à aprovação dos acionistas e à análise de órgãos antitruste nos EUA e no México.
A conclusão da compra é esperada para o início do primeiro semestre de 2003.
A companhia mexicana pretende financiar parte da compra mediante empréstimo de US$ 2,05 bilhões do JP Morgan e do Morgan Stanley. O dinheiro também vai ser usado para refinanciar as dívidas da Panamco.

Batalha por mercados
Com o anúncio da aquisição da Panamco pela Coca-Cola Femsa, a guerra pela conquista de mercados entre a Coca-Cola Co. e a Pepsico ganha mais um capítulo.
Em maio deste ano, o PBG, maior divisão da Pepsico responsável pela venda e distribuição de produtos da companhia, fez uma proposta de US$ 1,25 bilhão para aquisição da Pepsi-Gemex, a maior engarrafadora da empresa fora dos EUA.
No Brasil, segundo analistas, a unificação das operações entre a Panamco e a Coca-Cola Femsa também tem outro alvo: conter a expansão das vendas de refrigerantes da AmBev (Companhia de Bebidas das Américas) e dos refrigerantes populares, conhecidos como tubaínas, no mercado brasileiro.


Texto Anterior: Supermercados: Pão de Açúcar vai leiloar a marca Sé
Próximo Texto: Siderurgia: Vale e Arcelor levam parte da Acesita na CST
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.