São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2002

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Racionamento contribuiu para apagão, diz Arce

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O racionamento de energia contribuiu, ainda que indiretamente, para que o apagão de segunda-feira ocorresse, avalia o secretário de Energia do Estado São Paulo, Mauro Arce. O secretário é membro da GCE (Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, o "ministério do apagão"). O ministro Pedro Parente (Casa Civil), coordenador da GCE, havia negado que o blecaute tivesse alguma relação com o racionamento.
Arce explicou que o risco de panes no sistema é maior porque algumas usinas ainda estão com os reservatórios muito baixos. Para economizar água dessas usinas, as demais trabalham com carga total, transferindo energia para outras regiões e poupando as hidrelétricas que ainda enfrentam o problema de baixos reservatórios.
Na segunda feira, pouco antes do apagão, 60% do consumo das regiões Sudeste e Centro-oeste estava sendo atendido por Itaipu e por outras sete usinas, todas da região de Ilha Solteira, onde aconteceu o acidente.
"É claro que numa situação assim, com esse desequilíbrio, o risco de algo acontecer com o sistema é maior", diz Arce.
Mas ele afirma que, para diminuir o risco de acidentes, seria preciso reduzir a geração nessas usinas e aumentar naquelas em que os reservatórios estão baixos. Arce avalia que essa seria uma opção pior do que admitir um risco maior de ocorrência de apagões. "O que vamos fazer? Deixar algumas usinas vertendo água e não gerar energia? Secar os reservatórios das outras usinas?"
Ontem, ele disse que avalia que a reação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) foi precipitada. A Agência afirmou que multaria a CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). "Nós vamos recorrer. Nossa avaliação é que não houve erro por parte da CTEEP."
Segundo o secretário, das seis linhas de transmissão que saem de Ilha Solteira, apenas quatro estavam funcionando. Quando a primeira linha foi desligada por causa da queda de um cabo, os equipamentos de segurança desligaram a segunda linha.
Arce diz que o segundo desligamento foi "indesejável". Mas ele afirma que não houve falha. "O equipamento é programado para desligar a linha quando ocorrem grandes oscilações", disse.


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