São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2002

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Novos panelaços devem começar a partir de hoje

DE BUENOS AIRES

Quando começar a anoitecer hoje, o som das batidas nas panelas ecoará pelas ruas de Buenos Aires até se concentrar em frente à Casa Rosada. O governo teme que o "megapanelaço", agendado desde domingo, termine com atos de vandalismo e violência, como as manifestações dos últimos dias do governo De la Rúa.
Informes foram feitos pela polícia federal e pela Side (o órgão de inteligência do país) para o governo poder avaliar a melhor forma de tentar evitar que as manifestações fiquem fora de controle.
O que assusta o presidente Eduardo Duhalde é que nos outros grandes panelaços, que acabaram com destruição de lojas e bancos, feridos e mortos, o início dos protestos foi espontâneo. E, o de hoje, não será assim.
Em uma reunião com mais de 1000 representantes dos "partidos de vizinhos" (grupos que se organizaram em diferentes bairros) em um parque público no domingo foi decidido que hoje, independentemente do que o governo fizesse ou não, haveria o panelaço.
Com data e local para o protesto, o governo teme que os protagonistas dos capítulos mais violentos tiveram tempo de se organizar para fazer de uma manifestação pacífica um conflito com as autoridades.
O policiamento na Casa Rosada, a sede do governo, e no Congresso foram reforçados desde ontem. Além das grades que cercam os prédios oficiais, 40 policiais federais fazem ronda 24h.
Os informes encomendados pelo governo mostram que grupos radicais formados por cerca de 80 pessoas têm se infiltrado nos panelaços pacíficos, transformando-os em atos violentos. Seriam representantes de grupos de esquerda e extrema-direita, que aproveitam as manifestações populares para desestabilizar o governo. Esses grupos teriam invadido e destruído parte do prédio do Congresso na madrugada de 29 de dezembro.
A exigência do fim do curralzinho é o ponto central do panelaço de hoje. Cartazes foram espalhados em diversos locais de Buenos Aires convocando as pessoas para participarem do protesto. O panelaço também foi divulgado por e-mail e pela imprensa.
Duhalde não quer que haja repressão violenta -como no dia 20 de dezembro quando 7 pessoas foram mortas pela polícia. Balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água são as armas que os policiais têm utilizado para responder à fúria dos manifestantes mais exaltados.
Mais protestos foram registrados ontem. Em Mar del Plata, mais de 2,5 mil pessoas marcharam pelas ruas da cidade em protesto contra atrasos na distribuição de auxílio desemprego.
Na madrugada de ontem, no município Junín, a casa da deputada peronista Mirta Rubini foi incendiada por manifestantes, que acusavam a legisladora de enriquecimento ilícito.
Estes protestos continuarão durante o fim de semana.


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