|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Novos panelaços
devem começar
a partir de hoje
DE BUENOS AIRES
Quando começar a anoitecer
hoje, o som das batidas nas panelas ecoará pelas ruas de Buenos Aires até se concentrar em
frente à Casa Rosada. O governo teme que o "megapanelaço", agendado desde domingo,
termine com atos de vandalismo e violência, como as manifestações dos últimos dias do
governo De la Rúa.
Informes foram feitos pela
polícia federal e pela Side (o órgão de inteligência do país) para o governo poder avaliar a
melhor forma de tentar evitar
que as manifestações fiquem
fora de controle.
O que assusta o presidente
Eduardo Duhalde é que nos
outros grandes panelaços, que
acabaram com destruição de
lojas e bancos, feridos e mortos, o início dos protestos foi
espontâneo. E, o de hoje, não
será assim.
Em uma reunião com mais
de 1000 representantes dos
"partidos de vizinhos" (grupos
que se organizaram em diferentes bairros) em um parque
público no domingo foi decidido que hoje, independentemente do que o governo fizesse
ou não, haveria o panelaço.
Com data e local para o protesto, o governo teme que os
protagonistas dos capítulos
mais violentos tiveram tempo
de se organizar para fazer de
uma manifestação pacífica um
conflito com as autoridades.
O policiamento na Casa Rosada, a sede do governo, e no
Congresso foram reforçados
desde ontem. Além das grades
que cercam os prédios oficiais,
40 policiais federais fazem ronda 24h.
Os informes encomendados
pelo governo mostram que
grupos radicais formados por
cerca de 80 pessoas têm se infiltrado nos panelaços pacíficos,
transformando-os em atos violentos. Seriam representantes
de grupos de esquerda e extrema-direita, que aproveitam as
manifestações populares para
desestabilizar o governo. Esses
grupos teriam invadido e destruído parte do prédio do Congresso na madrugada de 29 de
dezembro.
A exigência do fim do curralzinho é o ponto central do panelaço de hoje. Cartazes foram
espalhados em diversos locais
de Buenos Aires convocando
as pessoas para participarem
do protesto. O panelaço também foi divulgado por e-mail e
pela imprensa.
Duhalde não quer que haja
repressão violenta -como no
dia 20 de dezembro quando 7
pessoas foram mortas pela polícia. Balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e jatos
de água são as armas que os policiais têm utilizado para responder à fúria dos manifestantes mais exaltados.
Mais protestos foram registrados ontem. Em Mar del Plata, mais de 2,5 mil pessoas marcharam pelas ruas da cidade
em protesto contra atrasos na
distribuição de auxílio desemprego.
Na madrugada de ontem, no
município Junín, a casa da deputada peronista Mirta Rubini
foi incendiada por manifestantes, que acusavam a legisladora
de enriquecimento ilícito.
Estes protestos continuarão
durante o fim de semana.
Texto Anterior: COLAPSO DA ARGENTINA BC argentino pode emitir peso sem lastro Próximo Texto: Artigo: Recibo de depósito bancário é alternativa para liquidez Índice
|