São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Em moratória, país vive recuperação

DE BUENOS AIRES

Apesar do alto número de empresas fechadas e da destruição de postos de trabalho registrados até o segundo trimestre do ano passado, a economia argentina vem apresentando sinais de recuperação, alavancada principalmente pelo aumento do consumo e das exportações.
Segundo cifras divulgadas na semana passada pelo Indec, o instituto de estatísticas do governo argentino, a atividade econômica registrada no país já acumulou 14 meses de aumento mensal consecutivo - apesar da persistência do "default" e da ainda reduzida oferta de crédito.
De novembro de 2002 a novembro de 2003, a economia argentina cresceu 8,7%, levando o ministro da Economia, Roberto Lavagna, a prenunciar um aumento do PIB anual superior a 8%.
Já neste ano, com um movimento de desaceleração no crescimento, a previsão do banco central argentino é a de que a economia cresça 6%.
Estimulados pelos sinais de reaquecimento da economia, muitos empresários argentinos resolveram voltar a investir no país.
Em 2003, por exemplo, grupos empresariais e fundos de investimentos nacionais lideraram a compra de empresas à venda no país, em operações que mobilizaram US$ 1,15 bilhão durante o ano.
Foi o caso do grupo nacional Familia Werthein, que adquiriu 14% da filial argentina da Telecom, antes em mãos francesas, por US$ 125 milhões.
Outro exemplo foi o do fundo de investimentos Desarrollo y Gestión, que comprou a cadeia de alfajores Havanna do grupo americano Exxel por US$ 5,2 milhões, mais passivos de US$ 32,4 milhões.
Além do aumento da confiança no país e de uma recuperação geral nos investimentos, os analistas explicam o retorno dos argentinos aos grandes negócios também pelo fato de o país estar em "default".
Como conseqüência da moratória, capitais estrangeiros encontram restrições para vir ao país, espaço que tem sido ocupado pelos capitais nacionais.
O "default" é, aliás, um dos motivos pelos quais os analistas pedem mais cautela com os números de crescimento da economia argentina.
Eles alertam que as expectativas podem não se confirmar caso haja uma deterioração da relação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou do processo de reestruturação da dívida externa do país.
Lembram, além disso, que o crescimento da economia está ocorrendo depois de uma queda do PIB de 10,9% em 2002 e que está longe de chegar aos níveis de 1998, antes da recessão.



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