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Em moratória, país vive recuperação
DE BUENOS AIRES
Apesar do alto número de empresas fechadas e da destruição de
postos de trabalho registrados até
o segundo trimestre do ano passado, a economia argentina vem
apresentando sinais de recuperação, alavancada principalmente
pelo aumento do consumo e das
exportações.
Segundo cifras divulgadas na
semana passada pelo Indec, o instituto de estatísticas do governo
argentino, a atividade econômica
registrada no país já acumulou 14
meses de aumento mensal consecutivo - apesar da persistência
do "default" e da ainda reduzida
oferta de crédito.
De novembro de 2002 a novembro de 2003, a economia argentina cresceu 8,7%, levando o ministro da Economia, Roberto Lavagna, a prenunciar um aumento do
PIB anual superior a 8%.
Já neste ano, com um movimento de desaceleração no crescimento, a previsão do banco central argentino é a de que a economia cresça 6%.
Estimulados pelos sinais de reaquecimento da economia, muitos
empresários argentinos resolveram voltar a investir no país.
Em 2003, por exemplo, grupos
empresariais e fundos de investimentos nacionais lideraram a
compra de empresas à venda no
país, em operações que mobilizaram US$ 1,15 bilhão durante o
ano.
Foi o caso do grupo nacional Familia Werthein, que adquiriu 14%
da filial argentina da Telecom, antes em mãos francesas, por US$
125 milhões.
Outro exemplo foi o do fundo
de investimentos Desarrollo y
Gestión, que comprou a cadeia de
alfajores Havanna do grupo americano Exxel por US$ 5,2 milhões,
mais passivos de US$ 32,4 milhões.
Além do aumento da confiança
no país e de uma recuperação geral nos investimentos, os analistas
explicam o retorno dos argentinos aos grandes negócios também pelo fato de o país estar em
"default".
Como conseqüência da moratória, capitais estrangeiros encontram restrições para vir ao país,
espaço que tem sido ocupado pelos capitais nacionais.
O "default" é, aliás, um dos motivos pelos quais os analistas pedem mais cautela com os números de crescimento da economia
argentina.
Eles alertam que as expectativas
podem não se confirmar caso haja uma deterioração da relação
com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou do processo de
reestruturação da dívida externa
do país.
Lembram, além disso, que o
crescimento da economia está
ocorrendo depois de uma queda
do PIB de 10,9% em 2002 e que está longe de chegar aos níveis de
1998, antes da recessão.
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