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NO DIA-A-DIA
Poder de compra tem recuperação lenta
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 39 milhões de brasileiros devem se beneficiar diretamente com o aumento do mínimo. Os R$ 50 a mais nos bolsos desses brasileiros devem gerar gasto adicional anual de R$
25 bilhões ao longo de 2006.
É difícil estimar precisamente
o número de brasileiros que tem
seus rendimentos diretamente
vinculados ao mínimo. O levantamento mais fácil é o dos beneficiários da Previdência. São 16
milhões de segurados beneficiados com o aumento do mínimo.
Estima-se ainda, que 11 milhões
de empregados sejam automaticamente beneficiados, bem como 4,4 milhões de trabalhadores
domésticos e 7,8 milhões de trabalhadores por conta própria.
Mas, além desses 39 milhões,
há um número grande de brasileiros que usam a evolução do
mínimo como parâmetro de remuneração. O mínimo, argumenta o Dieese, exerce o "efeito
farol", servindo como base em
negociações salariais de diversas
categorias sindicais. Assim,
mesmo que as pesquisas mostrem que cerca de um terço dos
trabalhadores ganha até um salário mínimo, uma proporção
bem maior que essa é beneficiada pelos aumentos. Impacto,
portanto, que existe, mas que é
de difícil mensuração.
O mínimo existe desde 1940.
Em dezembro daquele ano, valia
cerca de R$ 900 em valores do
mês passado, ou seja, o poder de
compra do mínimo era duas vezes maior quando foi instituído.
Desde então, a política do mínimo variou bastante. Ele perdeu
valor sistematicamente até 1950,
recuperou todo o seu poder de
compra e chegou até a ser maior
do que quando instituído, em
termos reais, nas décadas de 50 e
60, para então perder valor de
forma sistemática desde a década de 70 até os anos 90.
É em meados dos anos 90, com
o fim do período de alta inflação,
que o salário mínimo pára de
perder poder de compra. Para
ter uma idéia do quanto o valor
do mínimo caiu em termos
reais, é só comparar quanto de
determinado produto ele comprava em cada período. Em
1959, um salário comprava 85 kg
de carne. Em 1986, o trabalhador
que ganhava mínimo só levaria
25 kg de carne para casa, se gastasse todo o salário no açougue.
Em 2003, eram 29 kg.
É claro que essas oscilações
não explicam só a perda do poder de compra. O preço dos produtos também oscilou. Os produtos básicos perderam espaço
para serviços e bens mais sofisticados e seus preços, relativamente, ficaram menores em relação a esses serviços. Ainda assim, eles mostram, sim, a queda
vertiginosa do poder de compra
dos salários.
Em apenas um ano desde o
início da estabilização econômica, com a implantação do Plano
Real, o salário mínimo não teve
aumento real, em 1996, quando
ele chegou a perder poder de
compra novamente. Mas, excluído este ano, a tendência foi
de recuperação, ainda que lenta,
do poder de compra do mínimo.
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