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FINANCIAMENTO
"Spread" cobrado por instituições financeiras nos empréstimos tem alta, apesar de recentes quedas da taxa Selic
Juro recua, mas bancos elevam margem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com a recente redução
dos juros promovida pelo Banco
Central, o "spread" bancário chegou ao fim de 2005 em alta, se
comparado com os números do
final de 2004, e ajudou a empurrar
para cima as taxas cobradas nos
empréstimos concedidos pelo sistema financeiro.
Em dezembro de 2004, o
"spread" era de 26,8 pontos percentuais -diferença entre o custo de captação dos bancos, de
17,8% ao ano, e da taxa dos financiamentos, de 44,6%.
Um ano depois, no final de
2005, esse mesmo "spread" havia
subido para 28,8 pontos percentuais -porque, apesar de o custo
de captação dos bancos ter recuado para 17,1% ao ano, os juros cobrados no empréstimos seguiram
caminho oposto e subiram para
45,9%.
"Spread" é o nome dado à diferença entre os juros que os bancos
pagam para captar recursos no
mercado financeiro e a taxa que é
cobrada nos empréstimos a clientes. Essa diferença serve para cobrir parte dos custos que as instituições financeiras, como pagamento de funcionários e despesas
com impostos.
Também é do "spread" que sai
parte dos ganhos do sistema financeiro. Embora os números finais de 2005 ainda não tenham sido divulgados, os bancos acumulavam, até o mês setembro, lucros
recordes.
É esse aumento do "spread", segundo dados do Banco Central,
que explica a alta da taxa média
cobrada nos empréstimos bancários no ano passado.
O movimento contrasta com a
melhora no cenário para crédito
observada no último ano, já que,
ao final de 2004, a taxa Selic apresentava uma forte tendência de alta, enquanto nos últimos meses
de 2005 a situação era oposta,
com o BC reduzindo um pouco o
aperto monetário.
Para o chefe do Departamento
Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, os juros bancários
subiram ao longo do ano passado
porque "o "spread" reage um pouco mais lentamente" à queda na
taxa Selic.
Essa demora das instituições financeiras em reduzir suas taxas,
por sua vez, não têm uma explicação muito clara.
De acordo com Miguel Ribeiro
de Oliveira, vice-presidente da
Anefac (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças), "os bancos foram muito conservadores
na sua política de crédito", e, por
isso, o "spread" sofreu uma elevação.
Entre setembro e dezembro, a
taxa Selic passou de 19,75% ao
ano para 18% -hoje está em
17,25%-, enquanto, no mesmo
período, o "spread" bancário médio passou de 29,4 pontos percentuais para 28,8 pontos. Lopes diz
que, "sem dúvida", esse "spread"
deve continuar caindo nos próximos meses.
O encarecimento do crédito
ocorrido no ano passado foi mais
sentido pelas empresas. Nesse
segmento, os juros passaram, entre 2004 e 2005, de 31,0% ao ano
para 31,7%. De acordo com Lopes, porém, o movimento não
chega a preocupar porque "as taxas para pessoas jurídicas já são
bem mais baixas do que nas demais modalidades".
Para pessoas físicas, os juros
passaram, nesse mesmo período,
de 60,5% ao ano para 59,3%. A taxa praticada em dezembro é a
mais baixa já registrada desde
1995. "As taxas ainda são elevadas, de fato, mas são as que nós temos", diz Lopes. No cheque especial, por exemplo, os juros chegam a 147,5% ao ano.
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