São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

Em carta a Dilma, Ermírio dá apoio a PAC

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, manifestou otimismo com o PAC (Programa de Aceleração Econômica) do governo.
"Se tudo o que está escrito no plano for executado, o Brasil será uma nação do Primeiro Mundo", afirmou o empresário. "Só espero que não seja como os outros planos, que nunca saíram do papel."
Ermírio de Moraes encaminhou ontem uma carta à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a gerente do PAC, manifestando seu apoio ao programa. Ele diz, na carta, que ficou satisfeito com o programa e manifesta esperança de que ele seja cumprido. "Já vi muitos programas nos últimos anos que não foram realizados."
O empresário assinala também, na carta, que, nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato do governo Lula, a CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), do grupo Votorantim, investiu mais de US$ 1 bilhão anuais. E se prepara para investir mais de US$ 1 bilhão neste ano.
O empresário afirma ainda, no documento, que a CBA, localizada em Alumínio, no interior do Estado de São Paulo, acaba de se tornar a maior produtora de alumínio da América Latina. A fábrica é capaz de produzir 475 mil toneladas de alumínio primário por ano.
Esperançoso com o PAC, o empresário considerou o programa bastante homogêneo, com a preocupação de beneficiar diversos setores da economia. O grande problema, a seu ver, é se o plano só beneficiar um ou outro setor na sua execução. "O governo não pode beneficiar um setor e esquecer outro", afirmou.
A grande dúvida de Ermírio de Moraes é se o programa irá sair do papel. Nos últimos anos, ele disse que já assistiu a diversos planos serem lançados pelos governos, sempre com a promessa de que seriam executados, mas nunca se tornaram realidade.
"Como brasileiro, sentiria-me muito gratificado se desta vez der certo. O programa é abrangente, e torço para que tenha êxito", diz.
O empresário afirma acreditar que os outros planos não deram certo principalmente por dois motivos. Em primeiro lugar, por problemas financeiros, que impediram o governo de levar adiante muitas de suas promessas.
Depois, por uma falta de entrosamento dentro do próprio governo. "Muitos governos não conseguiram executar os planos, apesar de no papel estarem excelentes", disse o empresário. "Houve excesso de otimismo muitas vezes."

Frase

"Se tudo o que está escrito no plano [PAC] for executado, o Brasil será uma nação do Primeiro Mundo.
Só espero que não seja como os outros planos, que nunca saíram do papel"

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
empresário

análise

Efeito Chávez reduz dinheiro de fora na AL

A Unctad divulgou os números do investimento direto no mundo em 2006. O total foi de US$ 1,2 trilhão, 34,3% maior do que em 2005. Nos países em desenvolvimento, que inclui a América Latina, o investimento direto estrangeiro somou US$ 367,7 bilhões, 10% a mais do que em 2005.
Já o montante investido na América Latina e no Caribe foi de US$ 99 bilhões, 4,5% a menos do que no ano anterior.
O Brasil recebeu US$ 16 bilhões, uma alta de 5,9% em relação a 2005, e o Chile, US$ 9,9 bilhões, 48,4% a mais do que no ano anterior.
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, esse é o resultado do Efeito Chávez. Os investimentos diretos estrangeiros só caíram na América Latina e Caribe, e o motivo, a seu ver, são os governos que defendem a intervenção na economia, como a Venezuela e a Bolívia.
"O investidor estrangeiro só aplica o seu dinheiro onde tem segurança jurídica", diz Pires.

ESPELHO MEU
Malu Barretto, que deixou a direção de marketing mundial do italiano Valentino para assumir a Lancôme no Brasil, trouxe Daria Werbowy, a top model da marca, para assistir, hoje, ao desfile da grife Raia de Goeye na São Paulo Fashion WeeK e lançar a nova coleção da Lancôme no evento. Entre as novas ações para o Brasil, a executiva irá promover o primeiro investimento em responsabilidade social da Lancôme no país. A marca patrocinará o projeto do artista plástico Vik Muniz, no Rio, entre outras ações. "O objetivo é promover uma aproximação com a realidade brasileira."

CONTRARIEDADE
Guido Mantega (Fazenda) não gostou do corte de apenas 0,25 ponto da Selic, mas não irá se manifestar publicamente seu desconforto por lealdade ao presidente Lula. Mantega não quer mostrar que há desentendimento entre a Fazenda e o Banco Central. A redução dos juros é considera fundamental para o sucesso do PAC. Logo depois da decisão do Copom, Mantega e Meirelles viajaram juntos com Lula para Davos, na Suíça, no Aerolula.

NA CHINA
Juan Quirós, presidente da Apex, participou ontem em Davos de uma reunião com a direção do Fórum Econômico Mundial para acertar a participação do Brasil no "Broad Company in Dinamic Market", que ocorre neste primeiro semestre na China. O evento é uma espécie de Fórum de Davos para as pequenas e médias empresas. O limite será de 500 empresas. O Brasil, por meio da Apex, terá o direito de participar com 15 empresas.

GUERRA
Mais um capítulo na guerra das cervejas. Quem acessa o site www.aboa.com.br entra direto na página da cerveja Sol, da Femsa. Como se sabe, a campanha da "Boa" foi criada pela Antarctica. A marca lançou inclusive o site www.boa.com.br, que recebe 70 mil visitantes por dia. A AmBev, dona da Antarctica, vai entrar na Justiça contra a Femsa com o pedido para o endereço www.aboa.com.br ser tirado do ar.

AGROMINISTRO
O agronegócio faz lobby para que o paranaense Osmar Dias (PDT) seja o novo ministro da Agricultura. Sabe que a oposição ao seu nome é forte e tem nome: o governador Roberto Requião.

LARGADA
A Caixa fechou ontem a primeira ação do PAC: um empréstimo de R$ 163 milhões para saneamento em Campo Grande (MS). Será assinado amanhã pelo governador André Puccinelli e pela presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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