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Governadores levam pedidos para Lula
Dirigentes querem mudanças no PAC em troca de apoio para a prorrogação da CPMF e da DRU por mais dez anos
Entre as reivindicações, que podem ser apresentadas já na 2ª, está parte do coletado com CPMF; Mantega nega mudanças no programa
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os governadores pretendem
apresentar ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva já na segunda-feira uma primeira pauta de reivindicações para que
venham a aprovar a prorrogação da CPMF, o imposto do
cheque, e da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Avaliam que esse "trunfo", o
interesse de Lula nos dois mecanismos fundamentais para
fechar as contas públicos, facilitará negociações que Estados
e União travarão em torno do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
A Folha apurou que os governadores desejam ficar com
parte da arrecadação futura da
CPMF, insistirão em que sejam
repassados aos Estados os recursos arrecadados pelo Pasep,
pedirão modificações na distribuição de verbas do Fundeb, o
fundo da educação básica, e
tentarão discutir algum tipo de
alívio a dívidas dos Estados.
É uma fatura difícil de ser
atendida na íntegra. Mas logo
após o lançamento do PAC, em
reunião na casa do governador
José Roberto Arruda (PFL-DF), a maioria dos governadores avaliou que o interesse do
governo na CPMF e na DRU e
na aprovação de medidas do
plano de crescimento no Congresso seria uma oportunidade
favorável de negociação.
Para a maioria dos governadores, Lula errou politicamente ao não incluir a CPMF e a
DRU no PAC. O presidente fez
isso porque esses mecanismos
são velhos e poderiam, na sua
visão, contaminar a repercussão do PAC. Temia a acusação
de que o plano era fachada para
a aprovação da CPMF e do bloqueio de 20% do total de tributos arrecadados que devem ser
repartidos com Estados e municípios.
Na opinião dos governadores, se Lula tivesse incluído a
CPMF e a DRU no PAC, poderia tê-los comprometido politicamente na cerimônia. Dos 27
governadores, 23 -além de
dois vices- estiveram presentes no Planalto na segunda.
A intenção do Planalto é propor a prorrogação da CPMF e
da DRU por mais dez anos. A
atual vigência acaba em 31 de
dezembro. Ou seja, elas durariam até 2016. Lula pretende
argumentar que, com tal extensão, ele e seu sucessor seriam
beneficiados. Apenas o sucessor do sucessor do petista, em
seu segundo ano de governo
(2016), teria de voltar a tratar
do assunto com o Congresso.
Segundo o ministro Tarso
Genro (Relações Institucionais), a reunião marcada para 6
de março com os governadores
terá a seguinte pauta: o andamento do PAC, propostas de
reforma política e tributária.
Em reunião anteontem no
Palácio do Planalto, Lula determinou aos ministros que negociem com os governadores
eventuais alterações no PAC
"sem distorcer" o plano e desde
que os pedidos tenham razoabilidade técnica do ponto de
vista do governo federal.
Os ministros Dilma Rousseff
(Casa Civil) e Guido Mantega
(Fazenda) negaram alterações.
Mas Tarso confirmou a disposição de Lula de dialogar com
governadores sobre mudanças.
Tarso disse que as críticas e
pleitos dos governadores são
"normais e previsíveis", pois o
PAC "trouxe para um patamar
novo" a discussão sobre investimentos em infra-estrutura. E
reiterou "a disposição de Lula
para um diálogo franco e sincero com todas as forças políticas". Além dos governadores, o
presidente também pretende
se reunir com os prefeitos das
26 capitais de Estado na última
semana de fevereiro.
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