|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Funcionalismo reage a limitação de reajustes prevista pelo PAC
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A regra de reajuste do funcionalismo público prevista pelo
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) enfrentará a
oposição dos funcionários dos
Três Poderes, embora o impacto integral da proposta só vá ser
sentido no fim do mandato de
Luiz Inácio Lula da Silva.
Projeções do Ministério do
Planejamento indicam que a
folha de pagamento do Judiciário continuará a crescer bem
mais que os gastos com pessoal
do Legislativo e Executivo nos
próximos quatro anos. A estimativa é que o gasto com os servidores da Justiça passará de
R$ 16,8 bilhões, em 2006, para
R$ 24,48 bilhões (alta de
45,42%) em 2010, último ano
da gestão Lula . Se ficasse limitada aos reajustes fixados no
PAC, não poderia superar 27%.
No Executivo, o aumento é
quase a metade do estimado
para o Judiciário. Entre 2006 e
2010, as despesas com pessoal
do governo vão subir de R$ 87,9
bilhões para R$ 106,5 bilhões,
um crescimento de 21%.
Os gastos com pessoal dos
Três Poderes poderão subir nos
próximos anos acima do proposto pelo PAC porque não serão computados os acordos celebrados com o funcionalismo
até 2006. Eles serão excluídos
da proposta de Lula, que, se for
aprovada, restringirá o aumento da folha total de cada Poder à
variação do IPCA mais 1,5%.
Ameaça de greve
O secretário-geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal), José Milton Costa,
que representa 70% da categoria, cogita greves e ações na
Justiça contra a medida. A fórmula do PAC, diz, poderá limitar a ação da mesa de negociação instituída na gestão Lula
para definir o salário do funcionalismo. "Vamos discutir com a
base. Se não houver avanço nas
negociações, vamos ver se é a
hora de uma grande greve ou se
vamos buscar uma solução no
campo jurídico."
O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do
Brasil), Walter Nunes, considera a medida inconstitucional
por significar uma interferência do Executivo em outros Poderes. "Precisamos saber se essa medida inviabiliza a revisão
do teto de remuneração do Judiciário. Estamos realmente
preocupados com isso", disse.
No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) enviou ao Congresso projeto de
lei reajustando os salários pelo
valor da inflação. No entanto, a
proposta não foi votada pelos
parlamentares.
A análise feita pela Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) é que a medida só será inconstitucional se o limite estabelecido impedir, por exemplo,
que vagas abertas atualmente
sejam preenchidas.
As duas associações não pretendem questionar judicialmente a proposta de pronto.
Querem primeiro entender
melhor as conseqüências para
depois tomar essa decisão.
A assessoria de imprensa da
presidente do STF, ministra
Ellen Gracie, informou que ela
não se pronunciaria sobre o assunto porque o tribunal pode
acabar tendo que julgar ações
sobre a proposta do PAC.
Colaborou Ana Paula Ribeiro, da Folha OnLine
Texto Anterior: Ministros negam que vá haver mudança Próximo Texto: União teme dificuldade para prorrogar CPMF Índice
|