São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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Bradesco compra BMC e deve dobrar crédito consignado

Com a aquisição, carteira destinada a empréstimos com desconto em folha do banco chegará a cerca de R$ 3 bilhões

Instituição fará aumento de capital de R$ 800 milhões para quitar a operação; presidente do Bradesco diz que manterá marca BMC


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco anunciou ontem a compra do banco BMC, em uma operação que praticamente dobrará sua carteira de crédito consignado.
Um aumento de capital de R$ 800 milhões está planejado para quitar o negócio. O Bradesco pagará o BMC apenas com a transferência de ações.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, afirmou que a marca BMC será mantida. O BMC é uma das instituições mais atuantes no segmento de crédito consignado, especialmente para aposentados e pensionistas do INSS.
"A operação com o BMC vai dobrar imediatamente a nossa posição em crédito consignado, para cerca de R$ 3 bilhões", disse Cypriano. "Esse segmento tem um apelo muito forte, sendo a inadimplência próxima de zero", afirmou o presidente do Bradesco, ao comentar os motivos da aquisição do BMC.
O BMC foi fundado em 1939, em Fortaleza. Nos últimos anos, cresceu na concessão crédito consignado, ao espalhar correspondentes em regiões de baixa bancarização.
A operação anunciada pelo Bradesco foi a primeira importante no setor bancário em 2007. No ano passado, em março, o Bradesco adquiriu as operações da American Express no país por US$ 490 milhões. No final de 2005, levou o controle do Banco do Estado do Ceará.
O Itaú, principal concorrente do Bradesco, não tem ficado atrás: em maio, adquiriu as operações do BankBoston no país por US$ 2,2 bilhões.
Para Marcel Artoni de Marco, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração), "o mercado bancário atravessa um período de concentração". "Essa é a tendência, basta ver as recentes aquisições feitas pelos grandes bancos, como o próprio Bradesco e o Itaú", diz.
O impacto da compra do BMC no balanço do Bradesco vai ser pequeno. O Bradesco mostrou em seu resultado do terceiro trimestre de 2006 contar com ativos totais consolidados de R$ 243,19 bilhões. O BMC registrava ativos de R$ 2,34 bilhões em setembro -ou seja, menos de 1% do Bradesco.
De acordo com o último ranking do Banco Central, o Itaú superou o Bradesco e se tornou o maior banco privado em ativos. Mas o Bradesco contesta o ranking do BC, pois a autoridade monetária não considera segmentos como os de administração de cartões de crédito e de previdência.
Pelo ranking do BC, o Bradesco contava com ativos de R$ 195,7 bilhões em setembro, contra R$ 201,3 bilhões do Itaú.
Para o presidente do Bradesco, a polêmica não existe. "O Bradesco tem um balanço só, não dois. E é o maior banco brasileiro em ativos", diz.


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