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CRISE NOS MERCADOS / FÓRUM DE DAVOS
Commodities não vão cair, dizem analistas
Demanda por produtos deve continuar forte pelo menos neste ano e preços podem até subir, segundo especialista em comércio
Steve Forbes, no entanto, diz que booms de commodities não duram
para sempre e que é "bom que o Brasil se prepare"
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O Brasil não corre risco de
ser afetado por uma redução de
preços das commodities, seu
grande produto de exportação,
como conseqüência da crise
nos Estados Unidos que tende a
provocar um desaquecimento
geral da economia, talvez uma
recessão.
É, pelo menos, a opinião de
dois especialistas externos.
Steve Forbes, presidente do
grupo de mídia que leva seu sobrenome e ex-candidato presidencial nos Estados Unidos,
matiza seu otimismo: "Neste
ano, não, mas nos próximos
três ou quatro anos haverá forte queda no preço das commodities".
Fred Bergsten, especialista
em comércio e câmbio, ao contrário, diz que seria "bom para a
economia mundial se Forbes
estiver certo", mas acrescenta
que, em sua opinião, "nos próximos dois anos veremos até
aumento dos preços".
O raciocínio de Forbes está
apoiado no passado: "A história
mostra que booms de commodities não duram para sempre.
Portanto, é bom que o Brasil se
prepare".
Já Bergsten prefere raciocinar com a inoxidável lei da oferta e da procura. "A demanda
ainda será bastante forte, ao
passo que a oferta sofrerá constrangimentos", afirma. Bergsten apóia sua previsão no fato
de que ele é um dos poucos economistas presentes em Davos
que mostram otimismo a respeito das conseqüências da crise nos mercados.
Para ele, não haverá uma recessão global e, nos Estados
Unidos, haverá desaceleração,
mas não um retrocesso forte.
Por essa hipótese, é natural
esperar que a demanda continue forte.
Na verdade, a preocupação
de Bergsten, apoiada por Forbes, é exatamente oposta: problemas pelo lado do fornecimento de commodities, não pela queda de preços.
A lógica é simples: pelo menos no caso de commodities
agrícolas, um dos principais
itens do cardápio brasileiro, "a
demanda está dada", até porque as pessoas não podem deixar de comer, como diz o banqueiro Michael Klein (Citi).
Pelo lado da oferta, o problema surgiria em especial no caso
do petróleo, na hipótese de "alguma loucura dos Estados Unidos em relação ao Irã", como
diz Gareth Evans, ex-chanceler
australiano e hoje presidente
do International Crisis Group.
Essa hipótese, no entanto, foi
minimizada por todos os participantes de um debate ontem
pela manhã exatamente sobre
os "pontos quentes" do planeta
e os riscos para os negócios por
eles representados.
No caso do Brasil, o petróleo
não é problema, no entanto. José Sergio Gabrielli, presidente
da Petrobras, diz que a empresa
produzirá, até 2012, 3,2 milhões de barris por dia, 900 mil
barris acima da produção atual
de 2,3 milhões de barris/dia.
Em 2015, chegará a 4,1 milhões.
De todo modo, Mohammed
Al Khalifa, executivo-chefe da
empresa de Desenvolvimento
Econômico de Bahrein, recomenda ao Brasil "diversificar
suas exportações. Esse é o
grande tema".
Completa: "Se agregar valor a
suas exportações, o Brasil pode
se tornar uma força poderosa
no mundo".
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