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EUA defendem vigilância sobre fundo soberano
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS
O secretário-adjunto do
Tesouro dos Estados Unidos,
Robert Kimmit, disse ontem
no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que "não teme os fundos soberanos, mas
o crescimento deles em número e importância indica
que precisam de vigilância".
O diretor do fundo estatal
do Kuait, que colocou bilhões no Citigroup e na Merrill Lynch recentemente, disse que os investimentos foram feitos por motivos comerciais, e não políticos.
"Fundos soberanos não
são diferentes de outros
grandes investidores. Por
que só os soberanos têm de
ter regulação?", disse Bader
Al Sa'ad, diretor do Kuait Investment Authority (KIA).
Com o agravamento da crise nos EUA, a preocupação
com a falta de transparência
e a ausência de regras com
que fundos governamentais
de investimentos vêm operando é crescente.
Ao final do painel "Mitos e
Realidades dos Fundos Soberanos", a ministra das Finanças da Noruega, Kristin
Halvorsen, resumiu bem a
percepção em Davos acerca
do tema: "Por ora, parece que
não gostam da gente, mas
precisam do nosso dinheiro".
O vice-primeiro-ministro da
Rússia também defendeu a
atuação desses fundos.
Com liquidez de sobra, especialmente pela alta do petróleo, e ativos em dificuldades, pelas fortes perdas no
crédito de alto risco, vem
crescendo a participação de
fundos estatais, muitos deles
de países asiáticos, em grandes companhias. Estima-se
que fundos soberanos tenham acumulado US$ 2,5
trilhões e que venham a ter
US$ 12 trilhões em 2015.
Halvorsen concorda, porém, com a proposta de Lawrence Summers, da Universidade Harvard, de os
fundos estatais se reunirem e
assinarem compromisso comum de não especular com
câmbio e agir guiados apenas
por motivos comerciais.
"Um compromisso assim
acalmaria a platéia", disse ela
diretamente para Al Sa'ad,
do Kuait, que acabara de
questionar "o que querem
dizer com transparência?"
"É dinheiro de cada país.
Querem que anunciemos tudo quando formos investir?
Quanto dinheiro?"
A ministra norueguesa
disse que, como são investimentos públicos, devem ser
tratados com transparência.
"Se é do seu interesse investir no longo prazo e não no
curto prazo, não especular",
disse Summers, "então por
que não assinam um código
de regras?"
"Estão colocando a carroça à frente dos bois", replicou
Mohamed Al-Jasser, vice-presidente da Agência Monetária da Arábia Saudita.
"Como se os fundos soberanos fossem culpados antes
de provar inocência." Duas
vezes durante o debate Al-Jasser pediu cautela no trato
da questão.
O presidente do Lehman
Brothers, Richard Fuld Jr.,
afirmou-se "market
friendly" (pró-mercado, em
tradução livre), mas que, no
caso dos fundos soberanos,
concorda com a necessidade
de um código de regras.
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