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São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

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Fundo de pensão estuda a aquisição de parte das ações da AES

Previ poderá comprar uma fatia maior da Eletropaulo

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) estuda aumentar sua participação no capital de empresas do setor elétrico, entre as quais a Eletropaulo, cuja controladora, a americana AES, encontra-se em dificuldade no Brasil.
O investimento da Previ e de outros fundos de pensão em empresas do setor elétrico pode ser uma saída para o governo não ter de reestatizar algumas das companhias, apurou a Folha.
A situação mais complicada no momento é a da Eletropaulo, que em janeiro entrou em "calote técnico", ao não pagar uma parcela de US$ 85 milhões ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O dinheiro se refere a um contrato de financiamento feito pelo BNDES para que os americanos adquirissem ações da empresa.
Oficialmente, a Previ divulgou nota negando interesse em ampliar seu investimento na Eletropaulo. A nota foi uma reação às declarações dadas a agências de notícias pelo diretor de Planejamento, Erik Persson, de que a entidade iria avaliar hoje o aumento de participações no setor elétrico. Apesar disso, a Folha apurou que o assunto está sendo analisado.
A maior preocupação do governo é que as empresas não façam os investimentos necessários para aumentar a capacidade de geração e de distribuição de energia nos Estados, o que poderia levar o país a um novo apagão no futuro.
O valor de mercado hoje da Eletropaulo (dadas as cotações de suas ações na Bolsa) é de R$ 939 milhões, aproximadamente. A AES controla 70,9% do capital da companhia. A Previ tem só 2% (cerca de R$ 19 milhões) do capital da empresa, mas em ações sem direito a voto e não tem assento no conselho de administração.
A Previ poderia comprar ações da AES, mas não adquirir o controle da companhia. A legislação estabelece impedimentos para que fundos de pensão controlem empresas. Mas comprar ações da AES seria uma forma de capitalizar a Eletropaulo -com o dinheiro, o grupo americano poderia, por exemplo, pagar o que deve ao BNDES.
Apesar de todo o interesse do governo nessa operação, o discurso da Previ é que qualquer negócio nessa direção só será realizado se houver interesse para a entidade, ou seja, se o retorno da transação compensar.

Intervenção branca
Para o governo, seria uma forma de intervenção branca, sem, portanto, ter de usar o dinheiro do contribuinte. Hoje, toda a direção da Previ é formada por petistas ou por pessoas diretamente ligadas ao partido.
Dependendo do aumento de capital na Eletropaulo, a Previ poderia ocupar um ou mais assentos no conselho de administração -seria uma ingerência quase que direta do governo na empresa. Além disso, o governo se livraria de ter de assumir um grande mico, do ponto de vista financeiro.


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