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Fundo de pensão estuda a aquisição de parte das ações da AES
Previ poderá comprar uma fatia maior da Eletropaulo
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Previ (fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil)
estuda aumentar sua participação
no capital de empresas do setor
elétrico, entre as quais a Eletropaulo, cuja controladora, a americana AES, encontra-se em dificuldade no Brasil.
O investimento da Previ e de
outros fundos de pensão em empresas do setor elétrico pode ser
uma saída para o governo não ter
de reestatizar algumas das companhias, apurou a Folha.
A situação mais complicada no
momento é a da Eletropaulo, que
em janeiro entrou em "calote técnico", ao não pagar uma parcela
de US$ 85 milhões ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O dinheiro se refere a um contrato de
financiamento feito pelo BNDES
para que os americanos adquirissem ações da empresa.
Oficialmente, a Previ divulgou
nota negando interesse em ampliar seu investimento na Eletropaulo. A nota foi uma reação às
declarações dadas a agências de
notícias pelo diretor de Planejamento, Erik Persson, de que a entidade iria avaliar hoje o aumento
de participações no setor elétrico.
Apesar disso, a Folha apurou que
o assunto está sendo analisado.
A maior preocupação do governo é que as empresas não façam
os investimentos necessários para
aumentar a capacidade de geração e de distribuição de energia
nos Estados, o que poderia levar o
país a um novo apagão no futuro.
O valor de mercado hoje da Eletropaulo (dadas as cotações de
suas ações na Bolsa) é de R$ 939
milhões, aproximadamente. A
AES controla 70,9% do capital da
companhia. A Previ tem só 2%
(cerca de R$ 19 milhões) do capital da empresa, mas em ações sem
direito a voto e não tem assento
no conselho de administração.
A Previ poderia comprar ações
da AES, mas não adquirir o controle da companhia. A legislação
estabelece impedimentos para
que fundos de pensão controlem
empresas. Mas comprar ações da
AES seria uma forma de capitalizar a Eletropaulo -com o dinheiro, o grupo americano poderia,
por exemplo, pagar o que deve ao
BNDES.
Apesar de todo o interesse do
governo nessa operação, o discurso da Previ é que qualquer negócio nessa direção só será realizado
se houver interesse para a entidade, ou seja, se o retorno da transação compensar.
Intervenção branca
Para o governo, seria uma forma de intervenção branca, sem,
portanto, ter de usar o dinheiro
do contribuinte. Hoje, toda a direção da Previ é formada por petistas ou por pessoas diretamente ligadas ao partido.
Dependendo do aumento de capital na Eletropaulo, a Previ poderia ocupar um ou mais assentos
no conselho de administração
-seria uma ingerência quase que
direta do governo na empresa.
Além disso, o governo se livraria
de ter de assumir um grande mico, do ponto de vista financeiro.
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