UOL


São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUSÃO NO AR

Companhia vinha resistindo, mas união deve ser concluída em abril

Governo e TAM pressionam Varig para fechar negócio

Dario Lopez-Mills - Associated Press
Jato da Varig pousa no aeroporto de Congonhas, em São paulo, ao lado de aeronaves da TAM


LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A fusão da Varig com a TAM deve estar concluída até abril. A Folha apurou ontem que o governo e a TAM estão pressionando a Varig a acelerar os entendimentos para a criação da nova companhia. A Varig vinha resistindo a esse processo nas últimas semanas, pois acreditava mais em uma ajuda financeira do governo do que na fusão efetiva com a TAM.
Várias ameaças que a Varig recebeu nos últimos dias para acelerar a fusão - como o corte no fornecimento de querosene de aviação por parte da BR Distribuidora -, forçou, no entanto, a Varig a jogar a toalha. Isso porque a BR pode a qualquer momento cobrar os cerca de R$ 140 milhões que tem a receber da companhia aérea. Sem o pagamento, o fornecimento de mais combustível seria suspenso. O que inviabilizaria as operações da Varig.
Procurada pela Folha, a BR não quis comentar se está pressionando a Varig. Mas o anúncio do compartilhamento parcial de vôos anunciado ontem (leia texto nesta página) entre a TAM e a Varig era algo que essa última companhia não pensava em fazer tão cedo.
O compartilhamento indica que a Varig está perdendo a guerra contra a meta da TAM de dominar a companhia que surgirá da fusão. A expectativa da Varig era de que o compartilhamento poderia acontecer somente depois de julho, após uma checagem de dados administrativos entre as companhias.
O governo, no entanto, teme que a TAM não consiga se conciliar com a Fundação Rubem Berta, controladora da Varig e conhecida por trabalhar de maneira mais política. Daí as pressões para que a fusão aconteça logo.
O governo e a TAM estariam com receio também de que os balanços de 2002, a serem divulgados em abril, mostrem que as duas companhias aéreas estão com a situação financeira pior do que se imagina. O que assustaria o mercado e poderia até inviabilizar a fusão (a Varig e a TAM tem ações cotadas nas Bolsas).
Na batalha que tem sido travada nos bastidores nas últimas semanas, a Varig não se conforma que a princípio terá de dividir meio a meio a nova companhia com a TAM. Ela entende que sua marca vale muito mais que a TAM. A Varig faturou cerca de US$ 2,8 bilhões no ano passado, contra os cerca de US$ 1,7 bilhão estimado pela TAM. Mas no primeiro semestre de 2002 a Varig acumulou um prejuízo de R$ 1 bilhão, contra os R$ 619 milhões da TAM de janeiro a setembro.


Texto Anterior: Luís Nassif: Os caminhos das reformas
Próximo Texto: Compartilhamento de vôos reduz oferta em 30%
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.