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Lucros dos bancos batem mais uma
vez os de empresas não-financeiras
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro obtido por todas as empresas no país -que já apresentaram balanço até o momento-
não chega nem mesmo perto do
volume obtido pelos bancos no
ano passado.
Dados da Economática, uma
das principais empresas que fazem esse tipo de levantamento no
Brasil, mostra que as 53 companhias que já apresentaram os dados obtiveram lucro líquido total
de R$ 6,3 bilhões em 2002. Esses
grupos são de capital aberto -ou
seja, com ações em Bolsa de Valores no país.
No mesmo período, oito bancos
instalados no país registraram lucro de R$ 7,8 bilhões -ou 23,8%
superior ao apurado por todas as
53 companhias que já apresentaram seus balanços.
Entre essas empresas do setor
industrial, estão líderes de mercado como a Votorantim, Pão de
Açúcar e Sadia.
Já entre os bancos que tiveram
forte aumento em sua rentabilidade em 2002 estão o Bradesco,
Banespa e Banco do Brasil.
Os bancos só não tiveram números melhores porque elevaram
sua provisão para devedores duvidosos -recurso que a empresa
classifica como perda porque
acredita que não receberá de volta
por conta da inadimplência.
Por exemplo: o lucro líquido do
Bradesco chegou a cair 6,8% no
ano passado em comparação a
2001, mas ainda se manteve acima
dos R$ 2 bilhões. O Banespa divulgou que teve lucro líquido de
R$ 2,8 bilhões -158% maior que
o registrado em 2001.
"As empresas da área financeira
estão muito bem, obrigada. Mas
as companhias do setor industrial
estão penando", disse Einar Rivero, coordenador técnico da Economática. Na sua avaliação, a forte variação cambial tende a castigar as empresas, que importam
insumos e pagam caro por isso
cada vez que a cotação da moeda
estrangeira sobe.
Além disso, juros altos provocam menor demanda interna e dificuldades de financiamento. Portanto, a forte puxada nas taxas de
juros no ano passado e neste ano
tendem a asfixiar ainda mais as
companhias no país.
Isso ocorre porque empresas e
lojas têm dificuldade para repassar a alta do dólar e acabam por
absorvê-la em sua margem de lucro. Dependendo da situação da
empresa, a alta na moeda estrangeira nem sequer é absorvida e
acaba sendo repassada diretamente para os preços.
"Chega a ser um verdadeiro absurdo essa discrepância entre os
ganhos dos bancos e das empresas", diz Sérgio Magalhães, dono
da Enaplic, fabricante de equipamentos e máquinas, um dos setores que apresentam balanços com
desempenho fraco.
Entre os setores que apresentaram prejuízo no ano passado estão telefonia, aviação e têxtil, principalmente.
Já entre as empresas com lucro
tímido estão energia elétrica e
máquinas industriais. Os analistas já se preparam para os maus
resultados também do setor eletroeletrônico, altamente dependente de componentes importados da Ásia.
Os melhores resultados foram
verificados em empresas altamente exportadoras em 2002. A
dúvida é se, com a retração na demanda em países compradores
de produtos brasileiros, o bom
desempenho se manterá em 2003.
Entre essas companhias com
números positivos estão a Gerdau, Sadia e a Weg.
Nos dados do levantamento,
não está contabilizado o desempenho da Petrobas, empresa estatal que até o momento não enviou
os dados consolidados a respeito
de seu balanço para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
As empresas têm até o final do
mês de março para apresentar os
resultados ao mercado. Com base
nesses números, a Economática
faz o levantamento.
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