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São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

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Lucros dos bancos batem mais uma vez os de empresas não-financeiras

DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro obtido por todas as empresas no país -que já apresentaram balanço até o momento- não chega nem mesmo perto do volume obtido pelos bancos no ano passado.
Dados da Economática, uma das principais empresas que fazem esse tipo de levantamento no Brasil, mostra que as 53 companhias que já apresentaram os dados obtiveram lucro líquido total de R$ 6,3 bilhões em 2002. Esses grupos são de capital aberto -ou seja, com ações em Bolsa de Valores no país.
No mesmo período, oito bancos instalados no país registraram lucro de R$ 7,8 bilhões -ou 23,8% superior ao apurado por todas as 53 companhias que já apresentaram seus balanços.
Entre essas empresas do setor industrial, estão líderes de mercado como a Votorantim, Pão de Açúcar e Sadia.
Já entre os bancos que tiveram forte aumento em sua rentabilidade em 2002 estão o Bradesco, Banespa e Banco do Brasil.
Os bancos só não tiveram números melhores porque elevaram sua provisão para devedores duvidosos -recurso que a empresa classifica como perda porque acredita que não receberá de volta por conta da inadimplência.
Por exemplo: o lucro líquido do Bradesco chegou a cair 6,8% no ano passado em comparação a 2001, mas ainda se manteve acima dos R$ 2 bilhões. O Banespa divulgou que teve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões -158% maior que o registrado em 2001.
"As empresas da área financeira estão muito bem, obrigada. Mas as companhias do setor industrial estão penando", disse Einar Rivero, coordenador técnico da Economática. Na sua avaliação, a forte variação cambial tende a castigar as empresas, que importam insumos e pagam caro por isso cada vez que a cotação da moeda estrangeira sobe.
Além disso, juros altos provocam menor demanda interna e dificuldades de financiamento. Portanto, a forte puxada nas taxas de juros no ano passado e neste ano tendem a asfixiar ainda mais as companhias no país.
Isso ocorre porque empresas e lojas têm dificuldade para repassar a alta do dólar e acabam por absorvê-la em sua margem de lucro. Dependendo da situação da empresa, a alta na moeda estrangeira nem sequer é absorvida e acaba sendo repassada diretamente para os preços.
"Chega a ser um verdadeiro absurdo essa discrepância entre os ganhos dos bancos e das empresas", diz Sérgio Magalhães, dono da Enaplic, fabricante de equipamentos e máquinas, um dos setores que apresentam balanços com desempenho fraco.
Entre os setores que apresentaram prejuízo no ano passado estão telefonia, aviação e têxtil, principalmente.
Já entre as empresas com lucro tímido estão energia elétrica e máquinas industriais. Os analistas já se preparam para os maus resultados também do setor eletroeletrônico, altamente dependente de componentes importados da Ásia.
Os melhores resultados foram verificados em empresas altamente exportadoras em 2002. A dúvida é se, com a retração na demanda em países compradores de produtos brasileiros, o bom desempenho se manterá em 2003.
Entre essas companhias com números positivos estão a Gerdau, Sadia e a Weg.
Nos dados do levantamento, não está contabilizado o desempenho da Petrobas, empresa estatal que até o momento não enviou os dados consolidados a respeito de seu balanço para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). As empresas têm até o final do mês de março para apresentar os resultados ao mercado. Com base nesses números, a Economática faz o levantamento.


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