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PECUÁRIA
Parte da produção é informal
Pesquisa detecta alto nível de soro no leite
DA REPORTAGEM LOCAL
A produção informal de leite representa cerca de um terço do que
é comercializado no Brasil. A estimativa parte do Ministério da
Agricultura. Ou seja, cerca de 7
milhões de litros são produzidos e
vendidos anualmente sem nenhuma inspeção.
As descobertas recentes de
adulteração-por adição de água
ou de soro de leite- ao leite longa
vida e ao leite em pó e a apreensão
recente de embalagens sem data
de fabricação reiteram as declarações do ministério.
Na semana passada, o secretário
de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao
Tadano, informou que foram
descobertos dois casos de fraude
em embalagens encontradas em
prateleiras de supermercados em
Pernambuco. Uma das empresas,
teve o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) cassado. A outra
empresa não foi punida porque
avisou às autoridades sanitárias
que suas embalagens haviam sido
falsificadas por outra firma, além
de ter auxiliado nas investigações.
Em Minas Gerais, o pesquisador da Universidade Federal de
Viçosa Sebastião Brandão também detectou leite adulterado. Na
sua pesquisa, foram analisadas 38
amostras de leite em pó de diversas marcas de atuação nacional.
Em 21 delas foram encontradas
modificações no leite. Em uma
delas, o teor de adição de soro de
leite chegou a 60%. Esse tipo de
fraude é mais comum entre empresas de pequeno porte.
Segundo Brandão, entretanto, o
resultado não significa que metade do leite em pó brasileiro seja
adulterado. "Esse foi apenas o resultado dessa amostragem. As estimativas para o mercado nacional são de que 10% do leite em pó
esteja adulterado", diz Brandão.
O pesquisador explica que a
fraude com o soro de leite é mais
comum. O soro é usado pelos laticínios como ingrediente na fabricação de bebidas lácteas. Seu valor protéico equivale a cerca de
um quarto ao do leite e o preço,
mais baixo.
No caso do leite longa vida,
muitas vezes o soro usado é resultado da sobra do processamento
de queijo. Em poucos dias, a substância se mistura perfeitamente
ao leite e somente testes laboratoriais importados conseguem detectar o problema. Já no caso do
leite em pó, o procedimento de
identificação da fraude é mais fácil de ser encontrado, conforme
Brandão.
Para o consumidor, porém, a
diferença entre o leite puro e o
fraudado é imperceptível quando
o grau de adição de soro não ultrapassa 20%. Acima disso, Brandão infirma que o leite pode ficar
com um sabor aguado.
O presidente da Leite Brasil (Associação Brasileira de Produtores
de Leite), Jorge Rubez, em parceria com empresas de laticínios,
encaminhou uma carta para o
Ministério da Agricultura para
pedir ao governo que intensifique
a fiscalização da cadeia do leite. A
iniciativa teve o apoio da CNA
(Confederação Nacional de Agricultura). "A sonegação de tributos e a não-observação das exigências sanitárias terminam por
favorecer as empresas que não
cumprem a lei", diz Rubez.
Língua eletrônica
Para impedir esse tipo de fraude, que ocorre principalmente no
leite integral, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Gado de Leite, em parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária, está desenvolvendo um aparelho que irá atestar
a integridade dos produtos. O
aparelho, que vem sendo chamado de língua eletrônica, é composto por vários sensores que
conseguem detectar diversos paladares e, assim, diagnosticar a
fraude. O produto deve estar disponível até o final do ano.
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