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TRABALHO
Seade-Dieese divulga taxa de janeiro na Grande São Paulo -a maior no mês desde 85- e prevê piora até abril
Desemprego vai a 17,8% e deve subir
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
O ano de 99
começa com aumento do desemprego na região metropolitana de São Paulo. Após quatro
meses consecutivos de queda, a taxa voltou a subir em janeiro, chegando a 17,8%
da PEA (População Economicamente Ativa), o que significa 1,539
milhão de desempregados.
Em dezembro de 98, a taxa de
17,4% representou 1,523 milhão de
pessoas sem ocupação. Significa,
portanto, que ao grupo de desempregados que a região tinha no final de 98 foram incorporadas mais
16 mil pessoas em janeiro.
Pelo levantamento do Dieese e da
Fundação Seade, a taxa de desemprego de 17,8% é a maior no mês de
janeiro desde 85, quando começou
a ser feito o levantamento. A taxa
recorde foi registrada em junho de
98, de 19%, quando havia 1,662 milhão de desempregados na região.
O número de pessoas ocupadas
caiu 1,7% em janeiro sobre dezembro de 98, o que significou a eliminação de 123 mil postos de trabalho. O setor de serviços foi o que
mais demitiu: 157 mil pessoas. Outros setores, incluindo construção
civil e serviços domésticos, dispensaram 15 mil. A indústria contratou 12 mil, e o comércio, 37 mil.
Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade, diz que é sazonal o aumento do
desemprego em janeiro, pois, no
final do ano, as empresas contratam para atender ao aumento da
demanda e, depois, dispensam.
Na sua análise, a taxa teria sido
maior se não tivessem saído 107
mil pessoas em janeiro da PEA na
comparação com dezembro. Essa
redução, diz, é explicada pelo fato
de janeiro ser um mês em que as
pessoas tradicionalmente tendem
a procurar menos emprego.
Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese, prevê que março e
abril vão registrar maior desemprego, podendo até superar 19%.
"O desemprego se agrava por
causa do cenário econômico, como juros altos, mercado interno
em retração, queda de renda e inibição dos gastos públicos", diz
Martoni Branco.
Se a desvalorização do real se estabilizar num patamar que não gere inflação e a exportação deslanchar o suficiente para aumentar o
número de emprego em alguns setores, segundo ele, é possível que
as demissões não se agravem.
"Desta vez, o crescimento terá de
ser puxado pelas exportações.
Mas, também para que isso ocorra,
muitas incertezas precisam ser superadas."
Segundo ele, é bem provável que,
para exportar mais, as empresas
não precisarão contratar tanto
quanto no passado.
Pelo levantamento da Fundação
Seade e do Dieese, a taxa de desemprego aberto (mais próximo ao
conceito do IBGE) recuou de
10,8% para 10,7% entre dezembro
e janeiro. Mas aumentou de 6,6%
para 7,1% a taxa de desemprego
oculto (por trabalho precário ou
por desalento em procurar vaga).
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