São Paulo, Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 1999
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TRABALHO
Seade-Dieese divulga taxa de janeiro na Grande São Paulo -a maior no mês desde 85- e prevê piora até abril
Desemprego vai a 17,8% e deve subir

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

O ano de 99 começa com aumento do desemprego na região metropolitana de São Paulo. Após quatro meses consecutivos de queda, a taxa voltou a subir em janeiro, chegando a 17,8% da PEA (População Economicamente Ativa), o que significa 1,539 milhão de desempregados.
Em dezembro de 98, a taxa de 17,4% representou 1,523 milhão de pessoas sem ocupação. Significa, portanto, que ao grupo de desempregados que a região tinha no final de 98 foram incorporadas mais 16 mil pessoas em janeiro.
Pelo levantamento do Dieese e da Fundação Seade, a taxa de desemprego de 17,8% é a maior no mês de janeiro desde 85, quando começou a ser feito o levantamento. A taxa recorde foi registrada em junho de 98, de 19%, quando havia 1,662 milhão de desempregados na região.
O número de pessoas ocupadas caiu 1,7% em janeiro sobre dezembro de 98, o que significou a eliminação de 123 mil postos de trabalho. O setor de serviços foi o que mais demitiu: 157 mil pessoas. Outros setores, incluindo construção civil e serviços domésticos, dispensaram 15 mil. A indústria contratou 12 mil, e o comércio, 37 mil.
Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade, diz que é sazonal o aumento do desemprego em janeiro, pois, no final do ano, as empresas contratam para atender ao aumento da demanda e, depois, dispensam.
Na sua análise, a taxa teria sido maior se não tivessem saído 107 mil pessoas em janeiro da PEA na comparação com dezembro. Essa redução, diz, é explicada pelo fato de janeiro ser um mês em que as pessoas tradicionalmente tendem a procurar menos emprego.
Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese, prevê que março e abril vão registrar maior desemprego, podendo até superar 19%.
"O desemprego se agrava por causa do cenário econômico, como juros altos, mercado interno em retração, queda de renda e inibição dos gastos públicos", diz Martoni Branco.
Se a desvalorização do real se estabilizar num patamar que não gere inflação e a exportação deslanchar o suficiente para aumentar o número de emprego em alguns setores, segundo ele, é possível que as demissões não se agravem.
"Desta vez, o crescimento terá de ser puxado pelas exportações. Mas, também para que isso ocorra, muitas incertezas precisam ser superadas."
Segundo ele, é bem provável que, para exportar mais, as empresas não precisarão contratar tanto quanto no passado.
Pelo levantamento da Fundação Seade e do Dieese, a taxa de desemprego aberto (mais próximo ao conceito do IBGE) recuou de 10,8% para 10,7% entre dezembro e janeiro. Mas aumentou de 6,6% para 7,1% a taxa de desemprego oculto (por trabalho precário ou por desalento em procurar vaga).


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