|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÊMICA
Ex-diretor do BC defende taxa
Gustavo Franco diz que a TJLP não é subsídio
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE
O ex-presidente e ex-diretor do
BC (Banco Central) Gustavo
Franco, um dos responsáveis pela
criação da TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo), disse ontem que o
governo brasileiro deve dar mais
atenção à discussão sobre se a taxa é ou não uma forma de subsídio, porque ela pode terminar em
prejuízos ao comércio exterior do
país.
"É um assunto importante. Talvez áreas do governo, especialmente os ministérios ligados às
exportações, não tenham percebido a importância. Isso pode ter
conseqüências para o nosso acesso aos mercados estrangeiros",
afirmou Franco durante palestra
e debate no Rio.
A discussão sobre a TJLP começou na semana passada quando
se tornaram públicos questionamentos feitos por um técnico do
FMI (Fundo Monetário Internacional) a respeito da taxa. A preocupação do Fundo é saber se o fato de a TJLP ser mais baixa que a
Selic, a taxa básica para os títulos
públicos brasileiros, representa
alguma forma de subsídio. A
TJLP é o indexador básico dos
empréstimos do BNDES.
"Todos os clientes do BNDES
[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que
tomam dinheiro a TJLP podem,
eventualmente, se são exportadores, ser vítimas de ações sob alegação de que estão praticando dumping [prática desleal de comércio]
ou alguma coisa desse tipo", disse
Franco.
Valor justo
De acordo com o economista,
quando se procurou criar uma taxa de longo prazo para os empréstimos internos no Brasil, a concepção foi a seguinte: somar à taxa de juros do mercado norte-americano aquilo que hoje é conhecido como o risco Brasil (sobretaxa correspondente ao que o
mercado considera o risco de o
país não honrar seus compromissos), chegando dessa forma à taxa
interna de retorno de um título
brasileiro de longo prazo.
Franco afirmou que "recentemente optou-se por manter a
TJLP mais estável, em torno de
10% [ao ano]". Para ele, 10% ao
ano "é um bom número", ao qual
ele considera "difícil criticar".
O ex-presidente do BC disse
que, se a taxa de juros para 30
anos dos Estados Unidos é de
"3% ou 4% ao ano, no máximo", e
se a TJLP está em 10% ao ano, não
há razão para dizer que a taxa brasileira é subsidiada.
Ele afirmou ainda que, apesar
de o assunto ser importante, a fase atual é de discussão técnica e
"ainda está longe de ter algum
efeito prático".
Texto Anterior: Concorrência virtual: Europa condena "monopólio" da Microsoft Próximo Texto: Comunicação: BNDES prevê até R$ 4 bi para mídia Índice
|