|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTAS PÚBLICAS
Déficit da Previdência Social sobe 81% e reduz superávit do governo em 68% de janeiro para fevereiro
Rombo do INSS encolhe caixa do governo
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A sobra de caixa do governo encolheu 68% em fevereiro por conta do rombo nas contas da Previdência Social. No mês passado, o
superávit primário do governo
central foi de R$ 2,64 bilhões
-menos de um terço do total registrado em janeiro.
No primeiro mês do ano, Tesouro Nacional, Banco Central e
Previdência, juntos, economizaram R$ 8,34 bilhões antes do pagamento de juros. Os números foram divulgados ontem pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, em São Paulo.
No primeiro mês do ano, o INSS
gastou R$ 2,45 bilhões a mais do
que arrecadou. Em fevereiro, essa
diferença cresceu 81%, para R$
3,79 bilhões. Medido em um único mês, o valor corresponde a
quase um ano de arrecadação das
loterias federais.
"Esse déficit é um número bastante negativo", observou Levy.
"Ficou acima das projeções de déficit para o período, estimadas em
torno de R$ 2,5 bilhões."
Levy garantiu que a diminuição
do superávit não vai interferir no
cumprimento das metas fiscais.
No caso do governo central, o objetivo é economizar, em 2005, o
equivalente a 2,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Até agora, o governo vem conseguindo. No primeiro bimestre
do ano, o superávit ficou em R$
10,99 bilhões, ou 3,69% do PIB. "É
coisa para chuchu", disse Levy.
Mesmo assim, na comparação
com janeiro e fevereiro de 2004, a
economia do governo central foi
menor. Naqueles meses, a contabilidade do Tesouro, Previdência
e BC fechou com saldo positivo de
R$ 11,44 bilhões, ou 4,39% do PIB.
Esqueletos e servidores
Engana-se, no entanto, quem
credita à Previdência exclusividade na culpa pelo reduzido superávit de fevereiro. Outros fatores interferiram de maneira direta no
desempenho: a necessidade de o
Tesouro colocar dinheiro na Emgea (Empresa Gestora de Ativos),
a elevação dos gastos com a folha
salarial e a arrecadação menor de
impostos e contribuições no mês
passado.
Em 2001, o governo Fernando
Henrique Cardoso injetou capital
no Banco do Brasil e na Caixa
Econômica Federal. Na tentativa
de impedir que os recursos fossem para o ralo, separou contratos antigos e sem equilíbrio financeiro -os chamados "créditos
podres"-, que passaram a ser
administrados por uma nova empresa, a Emgea.
"Agora chegou a hora de pagar
a conta do passado", reconheceu
Levy. O secretário referia-se ao fato de o governo não ter conseguido, apesar da Emgea, recuperar
boa parte dos ativos ruins.
O resultado é que, em fevereiro,
mais R$ 585,2 milhões saíram dos
cofres públicos para cobrir os prejuízos causados pelos maus negócios dos bancos oficiais.
No primeiro bimestre, as despesas do governo com pessoal e encargos subiu 10,8%, terminando o
período em R$ 15,43 bilhões.
"Duas importantes parcelas da
despesa estão sob controle: as
não-obrigatórias feitas pelos ministérios e a com a folha de pagamento", afirmou o secretário.
"Creio que o crescimento da folha
de pessoal ficará, em média, entre
6% e 7% ao ano. É algo compatível com as metas do governo."
A receita líquida do governo
central, por sua vez, passou de R$
34 bilhões em janeiro para R$ 28,6
bilhões em fevereiro. O motivo é
que janeiro figura como um mês
atípico, com arrecadações pontuais, como o IPVA (sobre veículos) e a cota única do IR paga pelas
empresas que quitam o débito de
uma só vez, por exemplo.
Texto Anterior: Águia em transe: EUA anunciam dados fracos em bens duráveis Próximo Texto: Déficit chega a R$ 6,25 bilhões em dois meses Índice
|