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APAGÃO
Negócio deverá encerrar a disputa com Eike Batista
Petrobras paga US$ 137 mi para assumir controle da TermoCeará
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras fez um acordo preliminar com o empresário Eike
Batista, anteontem à noite, para
comprar a TermoCeará. A negociação deve pôr fim a um conflito
que vem se arrastando desde o final do ano passado entre o empresário e a estatal.
A estatal concorda em pagar
US$ 137 milhões pela usina, pois
avalia que a aquisição é uma forma de estancar o prejuízo mensal
de US$ 5 milhões com o qual vem
arcando em razão de compromissos firmados na época do apagão.
A TermoCeará pertence à empresa MPX, que tem como acionistas
Eike Batista (51%) e a empresa
norte-americana MDU (49%).
Crítico ferrenho dos contratos
que a Petrobras firmou com as
termelétricas no passado, o diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, disse que a compra da
TermoCeará vai "transformar um
negócio escandaloso em um péssimo negócio".
Segundo ele, o contrato atual
obriga a Petrobras a repassar à
MPX US$ 334 milhões em 65 meses, dos quais US$ 122 milhões já
foram pagos. "Se compramos a
usina, ficamos livres do compromisso e diminuímos o prejuízo
para cerca de US$ 160 milhões,
considerando que o custo de
construção de uma usina semelhante seria de US$ 100 milhões",
afirma o diretor.
Como passo seguinte ao acerto
inicial entre as partes, elas suspenderão as ações judiciais em curso
e o processo de arbitragem iniciado pela Petrobras em janeiro, em
que ela reivindica a revisão do
contrato firmado no passado. A
Petrobras diz que espera concluir
as negociações em 90 dias. Eike
Batista não quis dar declaração
sobre os entendimentos para a
venda da TermoCeará. A usina
tem capacidade de 220 megawatts
e, segundo a MPX, custou US$ 150
milhões.
Ildo Sauer disse que no preço
oferecido pela estatal estão incluídos os US$ 5 milhões que ela deveria ter repassado à MPX relativo
ao mês de dezembro, que estão
depositados em juízo. Antes de
concretizar o negócio, serão feitas
auditorias contábil, técnica e ambiental na usina. O valor final da
transação vai depender do resultado das auditorias.
Atritos
A crise entre a Petrobras e Eike
Batista veio à tona em dezembro,
quando a estatal decidiu depositar em juízo o pagamento das indenizações e renegociar o contrato firmado na época do apagão.
A TermoCeará foi construída
durante o racionamento, em
2001. O contrato foi fechado em
2002, logo após a crise.
Pelo contrato, a Petrobras ficaria com 50% da receita obtida
com a venda de energia e, forneceria o gás para movimentar a usina e bancaria seus custos, caso ela
ficasse parada.
A estatal assumiu a responsabilidade, por cinco anos, de reembolsar a MPX se o lucro dela não
fosse suficiente para pagar uma
cesta de despesas: tributos, custos
de operação e manutenção,
amortização do investimento e
remuneração do capital.
A usina praticamente não funcionou desde sua inauguração,
porque sobrou energia hidrelétrica nesse período, que tem preço
inferior à energia das térmicas. O
que pareceria ser bom negócio se
transformou em prejuízo para a
Petrobras.
Em fevereiro, a estatal iniciou o
processo de arbitragem para renegociar não apenas o contrato
com a MPX, mas também o firmado com a americana El Paso,
relativo à termelétrica Macaé
Merchant (RJ). A Petrobras repassa em torno de US$ 20 milhões
por mês à El Paso.
O processo arbitral da MPX é no
Rio de Janeiro, e o da El Paso, em
Nova York.
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