|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com governança corporativa, lucro de empresas cresce
Origem do capital também influencia nos resultados; quando é estrangeiro, ganho é maior, segundo estudo com 294 companhias
Faturamento sobe 14,3% nos primeiros 9 meses de 2006, e o valor de mercado, 30%; lucro avança 17,5%
e soma US$ 37 bilhões
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
A governança corporativa, a
adoção de uma gestão profissionalizada e a origem do capital são diferenciais importantes na rentabilidade das empresas. O lucro das companhias
com maior grau de governança
corporativa chega a ser três vezes maior do que as que operam
em graus mais baixos.
A rentabilidade sobre o patrimônio das empresas com governança corporativa diferenciada foi de 16,4% nos últimos
12 meses encerrados em setembro do ano passado. Já nas
empresas que não se incluem
nesse grupo, a rentabilidade cai
para 4%.
A gestão também é um fator
importante. A rentabilidade
média das empresas familiares
-definidas como aquelas que
são geridas pelos próprios donos- foi de 5,4%, também levando em conta os últimos 12
meses findos em setembro passado. Nas não-familiares, a rentabilidade sobe para 13,6%.
As companhias de capital
aberto estrangeiras registraram rentabilidade de 18%, ao
passo que as brasileiras, de 6%.
A média de todas as companhias abertas é de 7,7%.
Esses dados constam de levantamento da publicação
"Anuário Análise - Companhias Abertas", que chegou a
essas conclusões a partir do
cruzamento de dados das 294
companhias abertas que, ao
longo de 2006, negociaram
suas ações pelo menos uma vez
na Bovespa.
Para o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano, a tendência do mercado é a de, cada
vez mais, as companhias se profissionalizarem e aprimorarem
a governança corporativa, com
o objetivo de se tornarem mais
transparentes e obterem maiores ganhos.
As empresas com mais responsabilidade social e mais
preocupadas com o ambiente
não têm passivos ocultos e podem, assim, ser mais rentáveis.
"Mais visível e transparente, a
companhia se torna também
mais democrática e alinhada
com a nação em que a gente vive", diz Magliano.
O levantamento mostra que
as companhias abertas apresentaram, em 2006, um resultado bastante positivo.
O faturamento das 294 empresas cresceu 14,3%, e o valor
de mercado, 30%. O lucro das
294 empresas pesquisadas aumentou 17,5%, somando quase
US$ 37 bilhões.
Com uma alta de 43,8% nos
nove primeiros meses do ano
passado, o lucro das empresas
privadas cresceu muito mais do
que o das estatais, que registraram uma expansão de 12,5%
nesse indicador. Já o lucro das
empresas estrangeiras aumentou 28,4%.
De acordo com o trabalho, a
Bolsa tem um perfil predominantemente privado. Das 294
companhias, 270 são privadas e
apenas 24 estatais. Há dez
anos, a quase totalidade das
empresas era do governo. Apesar de serem em número menor, as estatais respondem por
quase 27% da receita total. Essa
distorção é provocada pelo gigantismo da Petrobras e do
Banco do Brasil.
A Bolsa possui também uma
elevada concentração em poucas empresas. Nos primeiros
nove meses do ano passado, as
companhias abertas registraram um faturamento de R$ 675
bilhões. As dez maiores -três
petrolíferas, quatro bancos,
duas siderúrgicas e uma mineradora- responderam por quase a metade desse montante,
R$ 308 bilhões.
Com uma receita de R$ 117
bilhões, cerca de um terço do
total, a Petrobras é a companhia de maior faturamento. Em
segundo lugar, bem distante da
primeira, vem a Vale do Rio Doce, que obteve uma receita de
R$ 29 bilhões no mesmo período. Já os quatro maiores bancos registraram uma receita de
intermediação financeira de R$
91 bilhões.
O ano de 2006 também foi
um período de contratações
para as companhias abertas. O
total de funcionários cresceu,
na média, 7,2%. No fim de setembro do ano passado, as 294
companhias abertas empregavam 1,25 milhão de pessoas.
Texto Anterior: Roberto Teixeira da Costa: O trato da informação privilegiada Próximo Texto: Frases Índice
|