São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Com governança corporativa, lucro de empresas cresce

Origem do capital também influencia nos resultados; quando é estrangeiro, ganho é maior, segundo estudo com 294 companhias

Faturamento sobe 14,3% nos primeiros 9 meses de 2006, e o valor de mercado, 30%; lucro avança 17,5% e soma US$ 37 bilhões

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

A governança corporativa, a adoção de uma gestão profissionalizada e a origem do capital são diferenciais importantes na rentabilidade das empresas. O lucro das companhias com maior grau de governança corporativa chega a ser três vezes maior do que as que operam em graus mais baixos.
A rentabilidade sobre o patrimônio das empresas com governança corporativa diferenciada foi de 16,4% nos últimos 12 meses encerrados em setembro do ano passado. Já nas empresas que não se incluem nesse grupo, a rentabilidade cai para 4%.
A gestão também é um fator importante. A rentabilidade média das empresas familiares -definidas como aquelas que são geridas pelos próprios donos- foi de 5,4%, também levando em conta os últimos 12 meses findos em setembro passado. Nas não-familiares, a rentabilidade sobe para 13,6%.
As companhias de capital aberto estrangeiras registraram rentabilidade de 18%, ao passo que as brasileiras, de 6%. A média de todas as companhias abertas é de 7,7%.
Esses dados constam de levantamento da publicação "Anuário Análise - Companhias Abertas", que chegou a essas conclusões a partir do cruzamento de dados das 294 companhias abertas que, ao longo de 2006, negociaram suas ações pelo menos uma vez na Bovespa.
Para o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano, a tendência do mercado é a de, cada vez mais, as companhias se profissionalizarem e aprimorarem a governança corporativa, com o objetivo de se tornarem mais transparentes e obterem maiores ganhos.
As empresas com mais responsabilidade social e mais preocupadas com o ambiente não têm passivos ocultos e podem, assim, ser mais rentáveis. "Mais visível e transparente, a companhia se torna também mais democrática e alinhada com a nação em que a gente vive", diz Magliano.
O levantamento mostra que as companhias abertas apresentaram, em 2006, um resultado bastante positivo.
O faturamento das 294 empresas cresceu 14,3%, e o valor de mercado, 30%. O lucro das 294 empresas pesquisadas aumentou 17,5%, somando quase US$ 37 bilhões.
Com uma alta de 43,8% nos nove primeiros meses do ano passado, o lucro das empresas privadas cresceu muito mais do que o das estatais, que registraram uma expansão de 12,5% nesse indicador. Já o lucro das empresas estrangeiras aumentou 28,4%.
De acordo com o trabalho, a Bolsa tem um perfil predominantemente privado. Das 294 companhias, 270 são privadas e apenas 24 estatais. Há dez anos, a quase totalidade das empresas era do governo. Apesar de serem em número menor, as estatais respondem por quase 27% da receita total. Essa distorção é provocada pelo gigantismo da Petrobras e do Banco do Brasil.
A Bolsa possui também uma elevada concentração em poucas empresas. Nos primeiros nove meses do ano passado, as companhias abertas registraram um faturamento de R$ 675 bilhões. As dez maiores -três petrolíferas, quatro bancos, duas siderúrgicas e uma mineradora- responderam por quase a metade desse montante, R$ 308 bilhões.
Com uma receita de R$ 117 bilhões, cerca de um terço do total, a Petrobras é a companhia de maior faturamento. Em segundo lugar, bem distante da primeira, vem a Vale do Rio Doce, que obteve uma receita de R$ 29 bilhões no mesmo período. Já os quatro maiores bancos registraram uma receita de intermediação financeira de R$ 91 bilhões.
O ano de 2006 também foi um período de contratações para as companhias abertas. O total de funcionários cresceu, na média, 7,2%. No fim de setembro do ano passado, as 294 companhias abertas empregavam 1,25 milhão de pessoas.


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