São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Brasil é vice-líder mundial de "projeto verde"

País tem 94 projetos ligados ao Protocolo de Kyoto registrados, ante 187 da Índia, que figura como 1ª colocada no ranking

Mercado de carbono gira US$ 25 milhões no mundo, diz Banco Mundial; créditos brasileiros já são vendidos em Chicago e na Europa

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Hoje, o Brasil é o segundo país em desenvolvimento com maior número de projetos que geram créditos de carbono registrados na ONU (Organização das Nações Unidas).
Numa linguagem mais técnica, associada ao Protocolo de Kyoto, o país tem 94 projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) registrados na UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, na sigla em inglês). Perde apenas para a Índia, que até sexta-feira tinha 187 projetos registrados.
Isso quer dizer que o Brasil tem 94 projetos que geram créditos de carbono, "mercadoria da moda" devido à preocupação com o aquecimento global.
Um crédito de carbono significa que uma tonelada de CO2 equivalente deixou de ser emitida, o que minimiza o efeito estufa. Segundo o Banco Mundial, o mercado de carbono movimentou US$ 25 milhões em 2006 no mundo.
O Ministério de Ciência e Tecnologia, que centraliza as informações sobre o assunto no governo, informa que não há uma estimativa de quanto já foi investido no Brasil devido a esses projetos, mas que o Reino Unido, a Holanda, o Japão e a França são os maiores investidores no país até o momento.
O Protocolo de Kyoto prevê que os países desenvolvidos que o assinaram reduzam suas emissões de gases que pioram o efeito estufa em ao menos 5% entre 2008 e 2012 em relação ao verificado em 1990. Uma das maneiras de eles alcançarem essas metas é investindo em projetos de MDL nos países em desenvolvimento e contabilizando os créditos de carbono gerados nesses programas.

No exterior
Das três principais Bolsas de carbono do mundo, há créditos gerados no Brasil no mercado de Chicago e no europeu EU ETS.
A participação brasileira na CCX (Chicago Climate Exchange) é ainda pequena, mas crescente. Em fevereiro, a CCX bateu recorde de volume comercializado, com 3,712 milhões de toneladas de CO2 equivalente. O preço da tonelada ali variou no mês passado de US$ 3,35 a US$ 4.
A EU ETS, Bolsa que vende créditos de carbono já válidos para as metas do Protocolo de Kyoto, informa que há créditos gerados no Brasil sendo vendidos diretamente ou pelas empresas que investem nos projetos brasileiros e recebem os créditos como pagamento.
Não há uma dimensão exata do montante gerado no Brasil, mas alguns dados fornecidos pela Bolsa dão uma dimensão. O volume que girou naquele mercado no ano passado foi de 1 bilhão de toneladas de carbono. Desse total, 523 milhões de toneladas foram de créditos gerados em projetos de MDL -os que o Brasil pode ter. Nessa Bolsa, o valor do crédito de carbono pode passar de 10.
O Banco Real já tem uma área de vendas de créditos de carbono. A BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) pretende, ainda neste ano, implantar um sistema de leilões de créditos de carbono no país.


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