São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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agrofolha

Safra de cana deve crescer menos

Produção paulista deve aumentar 8% e quebrar recorde neste ano; em 2007, alta havia sido de 15%

Moagem deve chegar a 353,9 milhões de toneladas; especialistas estimam que 13 usinas comecem a operar em SP até o final de 2008

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com perspectiva de nova produção recorde, começou ontem em São Paulo a safra de cana-de-açúcar 2008/2009. O mercado e especialistas estimam, porém, que o crescimento será menor no Estado, em comparação com o da safra anterior: 8% contra 15%. Treze novas usinas devem entrar em funcionamento em São Paulo até o final deste ano.
A primeira usina a iniciar a moagem da cana foi a Lins, que fica na cidade de mesmo nome. A empresa, que entrou no mercado no ano passado, prevê um aumento de 21,95% na sua produção, passando de 1,23 milhão de toneladas para 1,5 milhão.
Sérgio Torquato, pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, estima que a nova safra vá render 353,9 milhões de toneladas de cana, ante as 327,7 milhões de toneladas colhidas na anterior.
"Ao final da última safra, havia desânimo, mas há perspectivas de um bom investimento ainda, com visão de futuro para o álcool. No ano passado, o crescimento foi de 15% e, agora, deve ser menor, de 8%, o que é muito, porque a impressão era que não cresceria quase nada", disse Torquato.
A área plantada, que era de 4,8 milhões de hectares em São Paulo, deve passar de 5 milhões neste ano. Está prevista também produtividade maior.
"Teremos novos recordes na produção. Ela está estabilizada na região de Ribeirão Preto, mas mesmo nela haverá alta. Em produtividade, o avanço no Estado deve ficar perto de 3%", disse Maurilio Biagi Filho, presidente da Usina Moema.
As novas plantações de cana ocuparam, principalmente, áreas de pastagens, mas também houve troca de pomares de laranja por canaviais.
"O nosso crescimento em área plantada na [usina] Batatais ocorreu, em 90% dos casos, em áreas de pasto", disse Bernardo Biagi, presidente das usinas Lins e Batatais -essa última, na região de Ribeirão, inicia a moagem na segunda-feira.
O diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, afirmou que o crescimento do setor está impulsionado pelas 29 usinas que entrarão em funcionamento neste ano no Centro-Sul do país. No Estado, a maioria das novas empresas fica na região de Araçatuba -em Brejo Alegre, Penápolis, Buritama, Nova Independência, Valparaíso e Suzanópolis.
Na avaliação do setor, a entrada em funcionamento dessas usinas deve manter baixos os preços de açúcar e álcool. As exportações ficaram abaixo do esperado em 2007. "Os preços não têm razão alguma para subir", disse Biagi Filho.
O presidente da Usina Lins disse que, além das usinas que funcionarão na safra deste ano, o número de unidades que vão entrar em operação no país até 2010 (cerca de 90) vai manter os preços baixos. "É muita coisa, não tem mercado para tudo isso. Este ano-safra está encerrando com prejuízo de 10% a 15%. O preço do ano que vem vai ser parecido com esse."


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