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Uso do FGTS em obras pode ser ampliado
Governo estuda elevar de 10% para 20% limite que trabalhador poderá transferir de sua conta no fundo para projetos de infraestrutura
Possibilidade de aplicador embolsar parcela do
rendimento ao retirar
dinheiro do FI-FGTS
também está sob análise
JULIANNA SOFIA
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda ampliar
para até 20% o limite que o trabalhador poderá usar de sua
conta no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
para aplicar em obras de infraestrutura do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento). O teto atual é de até 10%, e
uma eventual mudança exigirá
a edição de uma medida provisória ou o envio de um projeto
de lei ao Congresso.
Outro ponto em análise é
permitir que o trabalhador, ao
retirar o dinheiro do FI-FGTS
(Fundo de Investimento do
FGTS), possa colocar uma parcela do rendimento no bolso e
não retorná-lo diretamente para sua conta no fundo. Por se
tratar de um investimento mais
arriscado que outras alternativas já autorizadas ao cotista
-aplicação nas ações da Petrobras (2000) e da Vale do Rio
Doce (2002)-, seria necessário
oferecer vantagens adicionais
ao trabalhador.
Já a definição do prazo mínimo para aplicação tem sido motivo de controvérsia entre os
integrantes da negociação. Nos
casos anteriores, a carência para a saída dos trabalhadores do
investimento foi de até um ano.
Como o perfil dos investimentos nas obras de infraestrutura
é de longo prazo, isso poderá
exigir uma permanência mais
longa do investidor.
Adiamento
Com a falta de consenso em
torno das regras de aplicação e
devido à crise econômica, o governo já desistiu de lançar o
plano de aplicação no FI-FGTS
(Fundo de Investimento do
FGTS) em 1º de maio, como era
a ideia original.
"Não haverá tempo. Ainda
não fechamos todos os pontos,
que precisarão ser apresentados ao presidente Lula. Agora
em maio será quase impossível,
mas queremos anunciar em
breve", disse à Folha o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
"Ainda faltam detalhes, teremos uma reunião na próxima
semana em que poderá ser definida uma nova data", acrescentou o vice-presidente de
fundos da Caixa Econômica
Federal, Wellington Moreira
Franco.
A Folha apurou, no entanto,
que o cronograma considerado
exequível pelo governo prevê
para 30 de junho a conclusão
dos estudos técnicos -o que
inclui uma aprovação preliminar da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Daí, as regras ainda precisariam ser
aprovadas pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e pelo Conselho Curador do FGTS.
Segundo Lupi e Franco, a
ampliação do limite de aplicação para até 20% requererá alteração da lei que criou o FI-FGTS, em 2007. "Sou contra a
edição de medidas provisórias,
mas pode ser o caminho. Defendo a ampliação para até
30%, afinal o dinheiro é do trabalhador, mas o ponto para
concluir a negociação é de até
20%", disse Lupi.
R$ 40 bilhões
Pelos cálculos preliminares,
o aporte dos trabalhadores ao
FI-FGTS poderia chegar a quase R$ 40 bilhões se todos optassem pela nova aplicação. Mas o
governo sabe que nem todos farão essa escolha, e a expectativa
é que o volume fique próximo
de R$ 20 bilhões.
Para o trabalhador, o investimento no FI pode ser vantajoso
porque a lei estabelece um rendimento mínimo para as aplicações no fundo -de 6% ao ano
mais TR (Taxa Referencial). O
retorno garantido hoje nas contas vinculadas é de apenas 3%
ao ano mais TR.
O ministro afirmou ainda
que sua pasta sugerirá outra alteração para aplicação do saldo
do trabalhador. A proposta é
permitir que as pessoas também possam investir no recém-criado fundo de investimento
em saneamento e renovação da
frota urbana de ônibus. Na semana passada, o FGTS assegurou R$ 4 bilhões ao fundo.
"Também pode ser uma boa
opção para o trabalhador."
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