São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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CVM investiga negócios com ações da Nossa Caixa

Papéis do banco paulista tiveram o maior volume financeiro negociado no ano antes do anúncio da operação

Na sexta, após o anúncio da operação, os papéis da Nossa Caixa dispararam 40%, mas encerram o dia com alta de 31,52%


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai investigar se houve vazamento de informação privilegiada no negócio envolvendo a incorporação da paulista Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, anunciada na noite da última quarta-feira, véspera de feriado prolongado.
A autarquia decidiu verificar a movimentação das ações do banco paulista, que teve um aumento significativo de negócios pouco antes de os bancos comunicarem a transação ao mercado. Na quarta-feira, as ações da Nossa Caixa subiram 0,69%, enquanto o Ibovespa amargou perdas de 1,66%.
Segundo a consultoria Economática, os papéis da Nossa Caixa tiveram, na última quarta, 994 negócios, que movimentaram um total de R$ 15,67 milhões -o maior volume financeiro para essas ações no ano.
Até a semana anterior, o número médio de negócios estava na casa de 583 e o volume negociado não passava de R$ 10 milhões, segundo a Economática.
"Teve uma coisa muito estranha na quarta-feira. Em maio, até o dia 19, as movimentações ficaram na faixa de 580 negócios. No dia 21, o volume foi quase o dobro. Tivemos o maior volume financeiro do ano e o terceiro maior número de negócios. O volume duplicou em relação à média de maio", disse o consultor Einar Rivero, da Economática.
Na sexta-feira, primeiro dia de negociação na Bolsa após o anúncio da operação, os papéis ON (com direito a voto) da Nossa Caixa dispararam 31,52%. Pela manhã, chegaram a subir mais de 40%. Ao todo, foram fechados mais de 4.824 negócios com o papel, o quarto mais transacionado no dia na Bovespa. Já os papéis do BB tiveram baixa de 2,81%.
A notícia da possível incorporação da Nossa Caixa pelo BB foi recebida com surpresa pelo mercado. Os grandes bancos privados defenderam a realização de um leilão aberto a todos os interessados.
"Quem vai sair ganhando com essa história é o Banco do Brasil, que vai conquistar uma posição muito boa em São Paulo. Do lado da Nossa Caixa, a gente sabe que ela estava remando num mercado difícil", disse Ceres Lisboa, analista da agência Moody"s.


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