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COMÉRCIO MUNDIAL
Decisão sairá em 60 dias; Brasil pediu limite de US$ 3,36 bilhões, mas canadenses não concordaram
OMC definirá valor da retaliação ao Canadá
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A OMC (Organização Mundial do Comércio) vai definir, dentro
de 60 dias, o valor da retaliação
comercial que o Brasil poderá
aplicar contra o Canadá. Ontem, a
OMC confirmou o direito brasileiro de retaliação, mas não definiu seu valor.
As retaliações poderão ser aplicadas como resposta aos prejuízos que a fabricante de jatos Embraer teve por causa dos subsídios
oferecidos pelo governo canadense à Bombardier, a principal concorrente da empresa brasileira no
mercado internacional.
O governo brasileiro pediu autorização para impor barreiras às
importações canadenses até o limite de US$ 3,36 bilhões. Como
os canadenses não concordaram
com o valor solicitado pelo Brasil,
a decisão será da OMC.
O mesmo comitê de arbitragem
que condenou os subsídios canadenses a pedido do Brasil vai julgar o valor da retaliação. No início
do ano, a OMC condenou cinco
operações referentes à venda de
150 aviões da Bombardier.
Os canadenses querem que as
retaliações sejam proporcionais
aos negócios em que as aeronaves
já foram entregues. Nesse caso, o
montante cairia em cerca de 50%.
A Embraer e a Bombardier travam uma disputa comercial na
OMC desde 1996. Depois de um
empate na disputa, os dois governos tiveram que mudar suas políticas de incentivo às exportações
do setor. Negociadores de ambos
os lados ajustam um mecanismo
de monitoramento para evitar
novos contenciosos em Genebra.
Em maio, a OMC já havia dado
decisão favorável ao Brasil, mas o
Canadá pediu prazo para analisar
o processo, com o objetivo de ganhar tempo, na interpretação de
negociadores brasileiros. Ontem os canadenses tentaram nova manobra para adiar a confirmação da OMC, mas falharam.
Em 2001, o Canadá ganhou o direito de retaliar o Brasil em US$
1,4 bilhão por causa da condenação pela OMC do Proex, o programa de financiamento às exportações brasileiras. O valor referia-se
a aviões entregues e a entregar.
De acordo com o Itamaraty, o governo brasileiro não pretende
utilizar o direito de retaliação porque isso travaria o comércio entre
os dois países e prejudicaria outros setores da economia.
Segundo negociadores brasileiros, o objetivo do governo é igualar as condições entre os países, uma vez que o Canadá já obteve o direito de barrar as importações brasileiras, mas garante que não vai executá-lo.
(CLÁUDIA DIANNI)
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