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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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RECALL DE EMPRESAS

Avaliação é que o projeto dá muitas vantagens aos devedores

Governo quer mudar Lei de Falências

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Durante café da manhã ontem na casa do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), o ministro José Dirceu (Casa Civil) e os líderes da base aliada reforçaram a intenção do governo de alterar, por emendas ou por um substitutivo global, o relatório do deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS) sobre a Lei de Falências.
O entendimento dos líderes é que o texto dá muitas vantagens aos devedores nos casos de concordata (que passa a se chamar recuperação judicial) ou falência.
"O relatório mantém a estrutura que aí está, os líderes contestam, queremos outro conceito. Pelo relatório, as empresas em concordata têm benefícios fiscais e isso pode ser usado por empresários espertalhões", afirmou Professor Luizinho (PT-SP), um dos vice-líderes do governo.
Segundo o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), destacado pelo governo para acompanhar de perto o caso, há "quatro ou cinco diferenças" entre o parecer e o que o Planalto defende.
"Vamos tentar convencer o Biolchi a incorporar em seu relatório nossas ponderações. Se não houver acordo entre o que ele pensa e o que o governo quer, vamos fazer um substitutivo."
Segundo Albuquerque, a principal diferença "é uma questão de filosofia geral do projeto". "No relatório atual, o devedor fica em situação de vantagem, queremos que as partes tenham igualdade nos riscos", afirmou.
Coincidentemente, Biolchi também usa a expressão "filosóficas" para definir suas divergências com o governo. O deputado considera que a principal inovação proposta em seu texto é a recuperação judicial, que evitaria o fechamento de empresas viáveis em dificuldades momentâneas.
Para a equipe econômica, o mecanismo pode acabar sendo usado de forma generalizada, adiando artificialmente a quebra de empresas inviáveis. Considera-se mais importante elevar as garantias dos credores, o que permitiria a queda dos juros.
Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB na Câmara, quer que o parecer seja preservado como forma de não haver a desmoralização de um deputado do partido.
Diante disso, a hipótese mais provável trabalhada hoje pelo governo é convencer o relator a incorporar o máximo possível das alterações sugeridas. O que restar de discordante no texto, o Planalto vai tentar modificar por meio de emendas durante a votação.


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