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Estimativas de custo para bancos divergem
Instituto de defesa do consumidor prevê indenizações de R$ 29 bi para poupadores; bancos falam em até R$ 120 bi
Bancos usam pior cenário possível nos seus cálculos e veem risco para a Caixa, que tinha mais cadernetas e poderia perder até R$ 35 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Não há estimativa confiável
sobre o impacto real das ações
judiciais que questionam os
critérios de correção da caderneta de poupança adotados nos
planos econômicos pré-Real.
Os números variam de R$ 29
bilhões, citado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor), passam por R$
105,9 bilhões, calculados pelo
Banco Central e Ministério da
Fazenda, e podem chegar a até
mesmo R$ 120 bilhões, segundo a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
O governo e os bancos explicam que suas projeções levam
em conta um "cenário de risco
potencial". Ou seja, adotam a
pior premissa possível. Por esses cálculos, as instituições financeiras terão que pagar os
expurgos feitos na caderneta de
poupança referentes a todos os
planos econômicos e para os
que tinham depósitos naquele
período.
Essa análise conclui que a
Caixa Econômica Federal, que
concentrava o maior número
de contas de poupança à época,
poderia perder R$ 35 bilhões. É
como se o banco quebrasse três
vezes.
"Todos os bancos, públicos e
privados, suportariam graves e
elevados prejuízos. A Caixa foi
citada [no documento enviado
pelo BC ao STF] apenas como
exemplo", explica a assessoria
de imprensa do banco estatal.
É com base nesse cenário que
o BC prevê quebras de bancos e
comprometimento da economia, caso as ações sejam levadas adiante. "Não é exagerado
afirmar que o desarranjo econômico resultante das perdas
da Caixa e das demais instituições financeiras pode gerar forte turbulência e comprometer,
por alguns anos, a sustentação
do crescimento econômico do
país", afirma o BC. A nota também diz que, se o STF der ganho de causa aos poupadores,
"provavelmente levaria algumas dessas instituições à insolvência, principalmente no ambiente de crise financeira".
Para o Idec, essas estimativas
são exageradas. A gerente jurídica, Karina Grou, cita ação civil pública que a entidade executa desde 2001 contra a Nossa
Caixa, em São Paulo, para mostrar que o impacto será bem
menor. Segundo ela, em oito
anos só 1.500 correntistas aderiram à ação do Plano Verão.
"Tanto governo quanto os
bancos estão fazendo uso alarmista dos números", diz Grou.
O Idec também questiona o
impacto potencial com base
nas provisões feitas pelos bancos em seus balanços. De acordo com levantamento do próprio governo, já foram gastos
R$ 1,8 bilhão em ações transitadas em julgado e há outros
R$ 3,5 bilhões provisionados.
O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardemberg,
diz que as provisões são feitas à
medida que as ações são impetradas e não levam em conta o
impacto total, já que a disputa
judicial ainda está em curso.
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