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Termelétrica pode acentuar risco de apagão
Se Petrobras não seguir compromisso de envio de gás, ameaça de faltar energia ultrapassará limite aceitável em 4 anos, diz ONS
Em julho, termelétricas deveriam gerar 1.197 MW com o gás fornecido pela estatal, mas só entregaram 281 MW por falta do insumo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Caso a Petrobras não cumpra
seu compromisso de elevar a
oferta de gás para termelétricas, o risco de falta de energia
no Sudeste e no Centro-Oeste
aumenta, ultrapassando o nível
considerado aceitável em 2011.
Cálculo feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indica que o risco de faltar mais de 1% da demanda por
energia em 2011 passa de 4,8%
para 6% nas regiões Sudeste e
Centro-Oeste caso o cronograma com o qual a Petrobras se
comprometeu atrase em um
ano. "Estamos atribuindo uma
importância enorme ao termo
de compromisso da Petrobras",
disse Hermes Chipp, diretor-geral do ONS.
Em julho, usinas termelétricas que deveriam gerar 1.197
MW (megawatts) usando o gás
fornecido pela Petrobras só
conseguiram entregar 281 MW
por falta do insumo. A Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) entendeu que a estatal descumpriu seu compromisso e multou a empresa em
R$ 84,7 milhões.
A Petrobras recorreu alegando, entre outros motivos, que
foi preciso destinar mais gás
para usinas no Rio que não fazem parte do termo de compromisso, para garantir o fornecimento de energia durante os
Jogos Pan-Americanos, um
acidente ocorrido na plataforma P-50 e o atraso na obtenção
da licença de operação do gasoduto Campinas-Taubaté.
A Petrobras teve que assinar
um termo de compromisso
com a agência reguladora do setor elétrico depois que o governo descobriu que não podia
contar com toda a energia que
as termelétricas diziam poder
gerar, por falta de gás que deveria ser fornecido pela estatal.
Se a estatal cumprir o que foi
assinado, haverá aumento da
oferta de energia das termelétricas a gás de 2.260 MW (megawatts) médios para 6.790
MW médios entre 2007 e 2011.
Os níveis de risco baixo levam
em conta essa energia.
Risco
O risco considerado aceitável
pelo CNPE (Conselho Nacional
de Política Energética) é de 5%
para a falta de qualquer quantidade de energia. Sob esse aspecto, os cálculos do ONS já indicam riscos maiores mesmo
com o cronograma da Petrobras em dia. No Sudeste e no
Centro-Oeste, o risco de qualquer déficit é de 5,3% em 2010 e
6% em 2011 e, no Nordeste, de
4,2% em 2010 e 5,9% em 2011.
O ONS, no entanto, está refazendo a metodologia de risco e
avalia que déficits inferiores a
1% da demanda por energia não
são relevantes. Eles podem ser
facilmente resolvidos com medidas operacionais, como aumento de intercâmbio de energia entre regiões.
O diretor-geral do ONS disse
que irá propor ao governo duas
medidas para minimizar os riscos: estabelecer um nível de
meta para os reservatórios das
hidrelétricas e a contratação de
500 MW de energia adicional
para a região Nordeste, para
entrar em operação em 2011.
Outra medida que será adotada para diminuir o risco é autorizar a geração de usinas termelétricas "fora da ordem".
Hoje, pelas regras do setor, as
termelétricas só são acionadas
quando o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas
baixa e o preço da energia gerada por essas usinas sobe. O objetivo da alteração é tentar poupar água nos reservatórios das
hidrelétricas.
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