São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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Termelétrica pode acentuar risco de apagão

Se Petrobras não seguir compromisso de envio de gás, ameaça de faltar energia ultrapassará limite aceitável em 4 anos, diz ONS

Em julho, termelétricas deveriam gerar 1.197 MW com o gás fornecido pela estatal, mas só entregaram 281 MW por falta do insumo

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Caso a Petrobras não cumpra seu compromisso de elevar a oferta de gás para termelétricas, o risco de falta de energia no Sudeste e no Centro-Oeste aumenta, ultrapassando o nível considerado aceitável em 2011.
Cálculo feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indica que o risco de faltar mais de 1% da demanda por energia em 2011 passa de 4,8% para 6% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste caso o cronograma com o qual a Petrobras se comprometeu atrase em um ano. "Estamos atribuindo uma importância enorme ao termo de compromisso da Petrobras", disse Hermes Chipp, diretor-geral do ONS.
Em julho, usinas termelétricas que deveriam gerar 1.197 MW (megawatts) usando o gás fornecido pela Petrobras só conseguiram entregar 281 MW por falta do insumo. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) entendeu que a estatal descumpriu seu compromisso e multou a empresa em R$ 84,7 milhões.
A Petrobras recorreu alegando, entre outros motivos, que foi preciso destinar mais gás para usinas no Rio que não fazem parte do termo de compromisso, para garantir o fornecimento de energia durante os Jogos Pan-Americanos, um acidente ocorrido na plataforma P-50 e o atraso na obtenção da licença de operação do gasoduto Campinas-Taubaté.
A Petrobras teve que assinar um termo de compromisso com a agência reguladora do setor elétrico depois que o governo descobriu que não podia contar com toda a energia que as termelétricas diziam poder gerar, por falta de gás que deveria ser fornecido pela estatal.
Se a estatal cumprir o que foi assinado, haverá aumento da oferta de energia das termelétricas a gás de 2.260 MW (megawatts) médios para 6.790 MW médios entre 2007 e 2011. Os níveis de risco baixo levam em conta essa energia.

Risco
O risco considerado aceitável pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) é de 5% para a falta de qualquer quantidade de energia. Sob esse aspecto, os cálculos do ONS já indicam riscos maiores mesmo com o cronograma da Petrobras em dia. No Sudeste e no Centro-Oeste, o risco de qualquer déficit é de 5,3% em 2010 e 6% em 2011 e, no Nordeste, de 4,2% em 2010 e 5,9% em 2011.
O ONS, no entanto, está refazendo a metodologia de risco e avalia que déficits inferiores a 1% da demanda por energia não são relevantes. Eles podem ser facilmente resolvidos com medidas operacionais, como aumento de intercâmbio de energia entre regiões.
O diretor-geral do ONS disse que irá propor ao governo duas medidas para minimizar os riscos: estabelecer um nível de meta para os reservatórios das hidrelétricas e a contratação de 500 MW de energia adicional para a região Nordeste, para entrar em operação em 2011.
Outra medida que será adotada para diminuir o risco é autorizar a geração de usinas termelétricas "fora da ordem". Hoje, pelas regras do setor, as termelétricas só são acionadas quando o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas baixa e o preço da energia gerada por essas usinas sobe. O objetivo da alteração é tentar poupar água nos reservatórios das hidrelétricas.

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