São Paulo, Quarta-feira, 25 de Agosto de 1999
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CENÁRIO INTERNACIONAL
Taxa de redesconto também subiu 025 pontos; aumentos devem conter risco de inflação, diz o Fed
Juro anual sobe para 5,25% nos EUA

MARCIO AITH
de Washington

Contrariando parcialmente as previsões feitas por analistas nas últimas semanas, o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidfos) elevou ontem em 0,25 ponto percentual duas taxas de juros anuaiscom as quais conduz sua política monetária.
O Comitê de Mercado Aberto da instituição elevou de 5% para 5,25% a taxa dos empréstimos interbancários e de 4,5% para 4,75% a taxa de redesconto.
Na comunicação que acompanhou sua decisão, o Fed informou acreditar que esses aumentos sejam suficientes para reduzir o risco de inflação nos Estados Unidos.
A instituição adotou ainda uma orientação neutra para o curto prazo. Ou seja, indicou que não está disposto a elevar novamente os juros até o final do ano, embora não tenha descartado expressamente um novo aumento.

Surpresa no redesconto
Os mercados acreditavam que o Fed só mexeria nos juros interbancários. Não esperavam uma mudança na taxa de redesconto, que não subia desde fevereiro de 1995.
Os juros interbancários são aqueles utilizados em empréstimos feitos por uma instituição financeira privada a outra usando o excesso de reservas que ela eventualmente tenha junto ao governo.
Já a taxa de redesconto é a usada nos empréstimos diretos feitos pelo Fed (por meio de suas sedes distritais) aos bancos privados.
A reação dos mercados financeiros foi dividida. O índice Dow Jones caiu 0,15%, após o recorde histórico registrado na segunda-feira.
O índice eletrônico Nasdaq, que contém as ações de empresas ligadas ao setor tecnológico que têm caído desde abril, valorizou-se 1,21% ontem. O preço dos títulos da dívida norte-americana tiveram valorização média de 5,93%.
A manutenção do viés neutro para a política monetária do Fed e o aumento dos juros interbancários confirmaram as expectativas dos mercados e agradaram os investidores, apesar da surpreendente elevação da taxa de redesconto.

Remédio forte
De modo geral, os investidores querem que o Fed combata pressões inflacionárias, mas temem que o remédio usado seja muito forte.
As taxas de juro interbancárias são o mais forte parâmetro dos preços da economia norte-americana. Elas guiam desde o rendimento de títulos do governo até o preço de empréstimos para pessoas financiarem imóveis.
Já a taxa de redesconto tem menor poder como referencial para a economia -no entanto, o aumento conjunto das duas taxas pareceu uma medida excessivamente forte para parcela dos investidores.
Os juros norte-americanos interbancários estão hoje em 5% ao ano. Eles estavam em 5,5% no início de 1998, antes de serem reduzidos três vezes em 0,25 ponto percentual no ano passado como estratégia para estimular a economia mundial e tentar reverter a crise financeira global.

Remanejando investimentos
A elevação dos juros nos Estados Unidos tende a remanejar os investimentos em todo o mundo. Isso faz com que o dinheiro aplicado das Bolsas de países como o Brasil seja realocado para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos (considerados o investimento mais seguro do mundo), que passam a render mais. A queda das taxas causa efeito inverso.
Com as três reduções do ano passado, os juros haviam caído para 4,75%. Em junho passado, o Fed voltou a elevar os juros em 0,25 ponto percentual, alegando melhora na situação mundial e mencionando pressões inflacionárias internas que poderiam ameaçar a expansão econômica dos Estados Unidos, que começou em 1991 e dura até hoje. A inflação tem se mantido controlada. Nos últimos 12 meses até julho a taxa é de 2,1%.
O aumento dos juros para 5,25%, ontem, foi o segundo em 1999.


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