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RECEITA ORTODOXA
Endividamento público registrado em agosto fica em 54,1% do PIB
Dívida tem menor nível em 16 meses
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Queda do dólar, inflação, crescimento da economia e aperto fiscal recorde. Todos esses fatores
contribuíram para uma redução
no endividamento do governo no
mês passado, segundo dados divulgados pelo Banco Central. A
dívida pública, em proporção do
PIB (Produto Interno Bruto),
atingiu, em agosto, o nível mais
baixo desde abril de 2003.
O endividamento -que inclui
os compromissos de União, Estados, municípios e estatais- chegou a R$ 941,313 bilhões no mês
passado, ou 54,1% do PIB. Em julho, essa relação estava em 55,0%.
"O recuo que se observou em
agosto é muito significativo", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
No final de dezembro de 2002,
pouco antes do início do mandato
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a dívida pública representava 55,5% do PIB.
O principal motivo para o recuo
do endividamento foi o superávit
primário de R$ 10,931 bilhões alcançado no mês passado. O superávit primário serve, justamente,
para que o governo pague os juros
que incidem sobre sua dívida, para evitar o seu aumento.
Nesta semana, o governo elevou
a meta para o superávit primário
deste ano, numa tentativa de
equilibrar suas contas, pois os
gastos com juros ainda são bastante elevados. Em agosto, as despesas com encargos da dívida representaram 0,7 ponto percentual
na relação entre dívida e PIB.
Dívida e PIB
O crescimento da economia
também teve um efeito positivo
sobre as contas públicas, já que,
quanto maior o PIB, menor é a relação entre dívida e PIB. Em agosto, segundo estimativa do BC, esse
crescimento, isoladamente, seria
responsável por um recuo equivalente a 0,6 ponto percentual.
Esse crescimento, porém, está
influenciado pela inflação. Isso
porque, pela metodologia adotada pelo BC para o cálculo dos indicadores fiscais, o valor do PIB é
corrigido, mensalmente, pelo
IGP-DI (Índice Geral de Preços
-Disponibilidade Interna). Logo,
quanto mais alta a inflação, menor é a dívida na comparação
com o PIB.
Já a valorização do real colaborou para reduzir a relação entre
dívida e PIB em 0,4 ponto percentual. Desde 2003, o governo tem
resgatado parte das parcelas do
endividamento que é corrigida
pelo câmbio. Em agosto de 2002,
os compromissos atrelados ao
dólar correspondiam a 41,2% do
total. No mês passado, haviam
passado para 21,3%. Com isso, a
dívida pública fica menos sensível
a variações da cotação do dólar.
Segundo Lopes, num cenário
em que o dólar chegue ao final de
2004 cotado em R$ 3,02 e que os
juros cheguem a 16,75% ao ano
até dezembro -projeções feitas
por analistas de mercado-, a relação entre dívida e PIB deve encerrar o ano em 55%.
Contas da Previdência
O Ministério da Previdência Social descobriu um erro na divisão
dos recursos arrecadados com o
Refis (Programa de Recuperação
Fiscal). Somente neste ano, deixaram de ser repassados para os cofres da Previdência R$ 500 milhões, segundo Lieda Amaral, secretária-executiva do ministério.
O Refis foi criado em 2000 e permite o parcelamento de débitos
das empresas com o INSS, a Fazenda Nacional e a Receita Federal. Os três órgãos partilham o dinheiro arrecadado.
Segundo o ministério, desde o
ano passado, houve a suspeita de
que o problema na partilha estava
ocorrendo. Mas, somente agora,
foi confirmado o erro. Amaral
disse que a descoberta do erro foi
um dos fatores que levaram o governo a revisar, no início do semestre, o déficit da Previdência
para este ano de R$ 30,5 bilhões
para R$ 29,7 bilhões. Ela diz que
outros R$ 180 milhões extras devem entrar no caixa do INSS.
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