São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Projeto na AL usa CCR como garantia

BNDES financia obras de infra-estrutura na região com o mecanismo, gerando exportações para empresas brasileiras

CCR é uma câmara de compensação dos países da região, em que BCs acertam contas se empresas não pagarem seus débitos

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro encontrou uma maneira de driblar uma das principais dificuldades para financiar projetos de infra-estrutura na América do Sul ao utilizar o CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíproco) para mitigar o risco das operações.
O mecanismo substitui as garantias, que a maior parte dos países da região tem dificuldade em conseguir. A dificuldade vem por causa da percepção de risco econômico e político, que encarece os custos dos empréstimos.
Atualmente, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) possui em sua carteira 19 projetos em oito países da região, dos quais 16 utilizam o CCR como garantia.
Os projetos vão resultar em exportações de bens e serviços que somam US$ 2,7 bilhões.

Compensação
O CCR é uma câmara de compensação de crédito e débitos dos países da Aladi (Associação Latino Americana de Integração) mais a República Dominicana.
A cada quatro meses, os bancos centrais dos países integrantes fazem um acerto de contas.
Caso alguma empresa deixe de fazer o pagamento, o BC desse país acerta o débito. Na prática, o CCR funciona como um seguro do pagamento.
Passam pelo sistema apenas operações comerciais ou diretamente vinculadas a operações comerciais, como os juros por financiamentos ao comércio e as despesas e comissões bancárias.
"Desde 2000, o governo federal vem priorizando a integração regional e criou um departamento específico no BNDES para isso", afirmou o superintendente da área de Comércio Exterior do BNDES, Luis Antonio Dantas.
"Os financiamentos e as garantias para os importadores ajudam as empresas brasileiras a participar de licitações nos países da região, mas o principal objetivo é gerar emprego e renda no Brasil e exportar conhecimento, tecnologia e serviços de engenharia."
"A América Latina é o maior consumidor de produtos de valor agregado brasileiros", disse o superintendente do BNDES.

Destino de exportações
Neste ano, a região se tornou o segundo destino para as exportações brasileiras, atrás dos Estados Unidos.
O BNDES só pode financiar as empresas brasileiras que fornecem produtos e serviços para as obras.
Por exemplo, o banco aprovou um empréstimo de R$ 180 milhões para o Gasoduto San Martín e um de R$ 37 milhões para o Gasoduto Norte, ambos na Argentina.
A Odebrecht vai fornecer a tubulação e o projeto de engenharia, segundo Dantas.

Vizinho
A decisão do governo argentino de construir os gasodutos para expandir o sistema de distribuição de gás e evitar o aprofundamento da crise de energia no país foi tomada em 2004, no auge da negociação da dívida da Argentina, que declarara moratória.
Portanto, não havia crédito disponível para o país e o governo brasileiro aceitou aprovar o financiamento com as garantias do CCR.
De acordo com Dantas, há uma decisão política do governo de financiar projetos na América Latina, mas desde que haja garantias.
Nesse caso, o CCR, que é um instrumento pouco utilizado para incentivar o comércio, tem ajudado.


Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ , da Sucursal de Brasília

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