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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Novo depoimento no caso Telecom Italia deve afetar BrT
JANAINA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O depoimento do detetive
particular Mário Bernardini
ao Ministério Público italiano deve cair como uma bomba no Brasil e influenciar o caso Brasil Telecom.
Em reportagens veiculadas nos últimos dois dias, pelo jornal "Corriere della Sera", de Milão, Bernardini
afirma que a Telecom Itália
fez pagamentos a policiais,
lobistas e consultores brasileiros com o intuito de ser
beneficiada na disputa pelo
comando da BrT.
Além disso, segundo Bernardini, a denúncia feita pela
Telecom Italia em 2004 à
Polícia Federal de que era vítima de espionagem da Kroll,
a mando do grupo Opportunity, teria sido baseada em
dados parcialmente produzidos dentro da própria Telecom Itália.
A Telecom Italia é a quinta
maior operadora da Europa.
Lá, está no centro de um escândalo que envolve centenas de pessoas. Um grupo ligado à operadora é acusado
pelos promotores milaneses
de patrocinar uma gigantesca rede de espionagem e venda de informações.
Por conta disso, 20 pessoas
foram presas na Itália e outras participam de um programa de delação premiada.
É o caso de Bernardini.
O Brasil tem sido considerado pelo Ministério Público
italiano como peça-chave no
quebra-cabeça das investigações. Por aqui, a Telecom Italia é sócia de duas operadoras: TIM (móvel) e Brasil Telecom (fixa).
Disputa
Desde 2001, a Brasil Telecom é alvo da maior disputa
societária ocorrida no país.
Seus principais acionistas
-Telecom Italia, Opportunity, Citigroup e fundos de
pensão- se digladiam pelo
comando da concessionária.
Em meados de 2004, o então chefe da segurança para a
América Latina da Telecom
Itália, Angelo Jannone, veio
ao Brasil entregar à Polícia
Federal um CD que mostrava ter sido sua empregadora
espionada pela Kroll, sob
orientação da Brasil Telecom, então gerida pelo Opportunity. Jannone disse
que o CD tinha chegado anonimamente à Telecom Italia.
Bernardini, porém, apresentou outra versão aos promotores. "Segundo o detetive particular, naquela ocasião, Fábio Ghioni [especialista em segurança tecnológica da Telecom Italia] disse
que o conteúdo do CD havia
sido produzido por ele e depois enviado de forma anônima, visto que continha dados
delicados, interceptações
[telefônicas] e dados de contas correntes e pagamentos a
políticos brasileiros", reproduz o "Corriere della Serra".
Ghioni nega e disse ao jornal
italiano que se limitou a esquadrinhar o CD para garantir que não tivesse vírus.
Quanto ao repasse de dinheiro a brasileiros, Bernardini explicou que um advogado de São Paulo era responsável por receber o dinheiro e depois distribuí-lo a
"uma série de personagens
políticos e funcionários da
Polícia Federal". De acordo
com o "Corriere", "cerca de
US$ 1,1 milhão" escoaram
para esse tipo de pagamento,
que serviria também a pessoas "muito influentes no
Brasil, muito amigas da cúpula dos fundos de pensão".
Os fundos de pensão são
sócios da Brasil Telecom e,
em 2004, companheiros da
Telecom Italia na luta pela
operadora brasileira.
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