|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PALANQUE ELETRÔNICO
Ministro pede que empresários façam sua parte; pronunciamento vem após queda de popularidade
País está pronto para crescer, diz Palocci
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, afirmou ontem em
cadeia nacional de rádio e TV que
o governo venceu a "batalha"
contra a inflação e que o país está
"pronto para voltar a crescer".
Agora, segundo o ministro, é a
vez de os empresários fazerem
"sua parte", com investimentos
que levem "ao aumento de exportações, das ofertas de emprego e
do consumo". Empresários e economistas ouvidos pela Folha
mostraram-se céticos com relação à retomada de investimentos.
O discurso veio quase quatro
meses depois de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ter prometido
"o espetáculo do crescimento" e
num momento de ligeira queda
de popularidade do presidente.
O pronunciamento busca justificar as razões do duro ajuste fiscal e monetário que provocou
queda da renda dos trabalhadores
e aumento do desemprego.
Além disso, o pronunciamento
tem como objetivo oficializar o
que chama de "fase 2" da economia, centrada no crescimento.
O discurso durou 4 minutos e
35 segundos e foi transmitido pelas emissoras em horários diferentes. Foi o segundo pronunciamento de Palocci em cadeia nacional de rádio e TV. Em junho,
ele disse que tomou "medidas
amargas para estancar a crise".
Ontem, começou o discurso dizendo que falaria "um pouco sobre o nosso passado, mas, sobretudo, sobre nosso futuro".
Afirmou que "o maior desafio
deste governo" era estabilizar a
economia a fim de "criar as condições para cumprir aquele que é o
nosso objetivo principal: gerar
empregos e promover a distribuição de renda". Falou que, "no ano
passado, a inflação voltou a crescer", prejudicando "as pessoas
mais pobres". Em seguida, disse:
"Hoje [ontem], nove meses e 24
dias depois da posse do presidente Lula [...], posso dizer a vocês,
com absoluta segurança, que vencemos essa batalha".
O ministro mencionou, então,
indicadores positivos, como a
queda do risco-país para cerca de
600 pontos, juros mais baixos e
"dólar estável". "O mundo inteiro
já percebe o quanto o Brasil mudou", afirmou, citando a alta da
Bolsa como exemplo.
Palocci previu "um Natal um
pouco melhor para o comércio e
um Ano Novo com muito mais
esperança para o povo brasileiro".
Em seguida, disse que "o governo
está cumprindo a sua promessa
de garantir a estabilidade econômica" e fez o pedido por mais investimentos, tema de uma reunião sua anteontem com um grupo de grandes empresários.
"Agora é preciso que os empresários respondam com investimento de recursos que levem ao
aumento das exportações, das
ofertas de emprego e do consumo. Se queremos, verdadeiramente, transformar este país num
país de todos, é importante que
todos façam a sua parte", disse o
ministro da Fazenda.
Um apelo aos empresários para
que não remarquem preços no final do ano foi retirado do texto
preparado na semana passada para o pronunciamento.
Com a revelação desse apelo pela Folha, no último domingo,
houve repercussão negativa no
mercado e entre empresários.
Palocci, então, preferiu adotar
tom mais otimista. Manteve o pedido apenas para mais investimentos. Preferiu deixar para as
conversas reservadas, como a de
anteontem com um grupo de empresários, o pedido para que as
empresas não remarquem preços
levando em conta o comportamento da inflação passada.
A queda nesta semana de apenas um ponto percentual na taxa
básica de juros da economia foi
reflexo dessa preocupação. O governo teme ter de voltar a aumentá-la caso haja repique inflacionário devido a remarcações.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frase Índice
|