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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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PALANQUE ELETRÔNICO

Ministro pede que empresários façam sua parte; pronunciamento vem após queda de popularidade

País está pronto para crescer, diz Palocci

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou ontem em cadeia nacional de rádio e TV que o governo venceu a "batalha" contra a inflação e que o país está "pronto para voltar a crescer".
Agora, segundo o ministro, é a vez de os empresários fazerem "sua parte", com investimentos que levem "ao aumento de exportações, das ofertas de emprego e do consumo". Empresários e economistas ouvidos pela Folha mostraram-se céticos com relação à retomada de investimentos.
O discurso veio quase quatro meses depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter prometido "o espetáculo do crescimento" e num momento de ligeira queda de popularidade do presidente.
O pronunciamento busca justificar as razões do duro ajuste fiscal e monetário que provocou queda da renda dos trabalhadores e aumento do desemprego.
Além disso, o pronunciamento tem como objetivo oficializar o que chama de "fase 2" da economia, centrada no crescimento.
O discurso durou 4 minutos e 35 segundos e foi transmitido pelas emissoras em horários diferentes. Foi o segundo pronunciamento de Palocci em cadeia nacional de rádio e TV. Em junho, ele disse que tomou "medidas amargas para estancar a crise". Ontem, começou o discurso dizendo que falaria "um pouco sobre o nosso passado, mas, sobretudo, sobre nosso futuro".
Afirmou que "o maior desafio deste governo" era estabilizar a economia a fim de "criar as condições para cumprir aquele que é o nosso objetivo principal: gerar empregos e promover a distribuição de renda". Falou que, "no ano passado, a inflação voltou a crescer", prejudicando "as pessoas mais pobres". Em seguida, disse: "Hoje [ontem], nove meses e 24 dias depois da posse do presidente Lula [...], posso dizer a vocês, com absoluta segurança, que vencemos essa batalha".
O ministro mencionou, então, indicadores positivos, como a queda do risco-país para cerca de 600 pontos, juros mais baixos e "dólar estável". "O mundo inteiro já percebe o quanto o Brasil mudou", afirmou, citando a alta da Bolsa como exemplo.
Palocci previu "um Natal um pouco melhor para o comércio e um Ano Novo com muito mais esperança para o povo brasileiro". Em seguida, disse que "o governo está cumprindo a sua promessa de garantir a estabilidade econômica" e fez o pedido por mais investimentos, tema de uma reunião sua anteontem com um grupo de grandes empresários.
"Agora é preciso que os empresários respondam com investimento de recursos que levem ao aumento das exportações, das ofertas de emprego e do consumo. Se queremos, verdadeiramente, transformar este país num país de todos, é importante que todos façam a sua parte", disse o ministro da Fazenda.
Um apelo aos empresários para que não remarquem preços no final do ano foi retirado do texto preparado na semana passada para o pronunciamento.
Com a revelação desse apelo pela Folha, no último domingo, houve repercussão negativa no mercado e entre empresários.
Palocci, então, preferiu adotar tom mais otimista. Manteve o pedido apenas para mais investimentos. Preferiu deixar para as conversas reservadas, como a de anteontem com um grupo de empresários, o pedido para que as empresas não remarquem preços levando em conta o comportamento da inflação passada.
A queda nesta semana de apenas um ponto percentual na taxa básica de juros da economia foi reflexo dessa preocupação. O governo teme ter de voltar a aumentá-la caso haja repique inflacionário devido a remarcações.


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