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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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Banco pede que país invista mais em educação

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Relatório do Bird (Banco Mundial) divulgado ontem no Rio recomenda a transferência de recursos públicos das aposentadorias e universidades para a educação infantil (pré-escolar e primária) e para programas de transferência de renda.
O relatório cita as aposentadorias e as universidades como setores onde o gasto público tem o pior aproveitamento e de onde deveriam ser redirecionados. Outro destino sugerido, além da educação infantil, são pequenas propriedades rurais.
Segundo o documento, educação é a palavra-chave para reduzir a desigualdade: "Não achamos que o Brasil tem de gastar mais em políticas sociais, mas achamos que tem de gastar mais em educação. Em particular, precisa redirecionar recursos públicos para a pré-escola e a escola primária".
O Bird também recomenda redistribuir terras, mudando de grandes para médias e pequenas propriedades, como algo capaz de aumentar a produtividade.
Segundo o banco, a mudança nos gastos públicos, chamada de "crucial" para reduzir a pobreza e a desigualdade, teria considerável custo político a curto prazo, mas traria, a longo prazo, mais crescimento, menos pobreza e uma sociedade mais justa.
O relatório afirma que a má distribuição de ativos (educação, terra e renda) é uma das causas da histórica desigualdade social brasileira. Outras causas são a grande diferença salarial decorrente da educação e a ação pouco progressiva das transferências públicas (principalmente aposentadorias), ou seja, sua capacidade de atingir os mais pobres.
Uma das características da desigualdade brasileira, também verificada na América Latina, é o chamado "retorno da educação" (diferença salarial devido à escolaridade). No Brasil, profissionais com nível universitário ganham, em média, 3,7 vezes o valor recebido pelos que não completaram o primário. Nos EUA, a diferença é 2,5 vezes, e, no México, 3,3 vezes.
O Bird diz que, tirando as aposentadorias, o gasto público consegue reduzir a desigualdade e elogia programas de transferência de renda, como o Bolsa-Escola.


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