São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Prejuízo de banco nos EUA afeta Bolsas

Prejudicado pela crise no mercado de crédito imobiliário, Merrill Lynch tem perda de US$ 2,2 bi, pior resultado de sua história

Bovespa chega a cair 1,99%, mas fecha em baixa de 0,12%, devido à alta de ações da Petrobras; após perder 1,5%, Nova York tem leve queda

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado acionário conseguiu se recuperar no final do pregão, após sofrer perdas expressivas durante o dia. As Bolsas iniciaram os negócios repercutindo negativamente o prejuízo da Merrill Lynch -uma das maiores instituições financeiras americanas- e o forte encolhimento na venda de imóveis usados nos EUA.
A Bolsa de Valores de São Paulo, que amargou baixa de 1,99% no pior momento do dia, encerrou o pregão com recuo de 0,12%. Em Wall Street, o índice Dow Jones teve leve baixa de 0,01%, depois de chegar a ter queda de 1,5%.
Outros bancos já haviam apresentado resultados ruins no terceiro trimestre do ano, como Citigroup e Bank of America, abalados pela crise no setor de crédito imobiliário americano. Mas o prejuízo de US$ 2,2 bilhões registrado pelo Merrill Lynch no terceiro trimestre, a maior perda trimestral já apurada pela instituição, foi bem pior que as previsões dos analistas. No mesmo período do ano passado, ele teve um lucro de US$ 3,1 bilhões.
Segundo a instituição, os títulos e empréstimos vinculados a contratos de crédito imobiliário "subprime" (de alto risco) tiveram perdas de US$ 7,9 bilhões em seu valor no trimestre. A previsão inicial era que o prejuízo fosse de US$ 5 bilhões.
As ações da Merrill Lynch caíram 5,8% em Nova York.
Uma semana após anunciar forte queda em seu lucro no terceiro trimestre, o Bank of America disse ontem que irá demitir 3.000 funcionários -a maioria deles da unidade de investimentos da instituição.
O mercado tem demonstrado maior preocupação com a possibilidade de a desaceleração da economia americana ser mais intensa que a esperada.
"O desempenho do mercado americano vai continuar sendo um ponto de volatilidade para os emergentes no médio prazo", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Maia afirma que os investidores estão firmando o consenso de que haverá nova queda na taxa de juros americana. "Se isso não ocorrer, poderemos ter um cenário mais desfavorável para o mercado."
Os dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) vão se reunir no próximo dia 31 para definir como fica a taxa de juros de referência dos Estados Unidos, que está em 4,75% anuais. A expectativa de boa parte do mercado é que seja reduzida em 0,25 ponto percentual.
A melhora das Bolsas no fim do dia não se refletiu no mercado de câmbio brasileiro.
O dólar encerrou as operações com uma alta de 0,61%, cotado a R$ 1,808.
A recuperação do índice Ibovespa -que reúne as 63 ações mais negociadas na Bolsa paulista- aconteceu devido à alta das ações da Petrobras. As ações preferenciais da Petrobras tiveram valorização de 4,20%, e as ordinárias se apreciaram em 3,49%.
Juntos, os papéis da Petrobras responderam por 20% do movimento da Bolsa ontem, que alcançou R$ 5,38 bilhões.
Balanço da Bovespa mostrou que os investidores estrangeiros mais têm vendido que comprado ações no pregão neste mês. Nos primeiros 20 dias do mês, o saldo das operações dos estrangeiros na Bolsa ficou negativo em R$ 2,83 bilhões. Mas analistas lembram que os estrangeiros têm participado com interesse dos lançamentos de ações na Bovespa, o que demonstra que seguem atentos aos papéis brasileiros.
(FABRICIO VIEIRA)


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