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Prejuízo de banco nos EUA afeta Bolsas
Prejudicado pela crise no mercado de crédito imobiliário, Merrill Lynch tem perda de US$ 2,2 bi, pior resultado de sua história
Bovespa chega a cair 1,99%, mas fecha em baixa de 0,12%, devido à alta de ações da Petrobras; após perder 1,5%, Nova York tem leve queda
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado acionário conseguiu se recuperar no final do
pregão, após sofrer perdas expressivas durante o dia. As Bolsas iniciaram os negócios repercutindo negativamente o
prejuízo da Merrill Lynch
-uma das maiores instituições
financeiras americanas- e o
forte encolhimento na venda
de imóveis usados nos EUA.
A Bolsa de Valores de São
Paulo, que amargou baixa de
1,99% no pior momento do dia,
encerrou o pregão com recuo
de 0,12%. Em Wall Street, o índice Dow Jones teve leve baixa
de 0,01%, depois de chegar a ter
queda de 1,5%.
Outros bancos já haviam
apresentado resultados ruins
no terceiro trimestre do ano,
como Citigroup e Bank of America, abalados pela crise no setor de crédito imobiliário americano. Mas o prejuízo de US$
2,2 bilhões registrado pelo
Merrill Lynch no terceiro trimestre, a maior perda trimestral já apurada pela instituição,
foi bem pior que as previsões
dos analistas. No mesmo período do ano passado, ele teve um
lucro de US$ 3,1 bilhões.
Segundo a instituição, os títulos e empréstimos vinculados a contratos de crédito imobiliário "subprime" (de alto risco) tiveram perdas de US$ 7,9
bilhões em seu valor no trimestre. A previsão inicial era que o
prejuízo fosse de US$ 5 bilhões.
As ações da Merrill Lynch
caíram 5,8% em Nova York.
Uma semana após anunciar
forte queda em seu lucro no
terceiro trimestre, o Bank of
America disse ontem que irá
demitir 3.000 funcionários -a
maioria deles da unidade de investimentos da instituição.
O mercado tem demonstrado maior preocupação com a
possibilidade de a desaceleração da economia americana ser
mais intensa que a esperada.
"O desempenho do mercado
americano vai continuar sendo
um ponto de volatilidade para
os emergentes no médio prazo", afirma Alexandre Maia,
economista-chefe da Gap Asset
Management.
Maia afirma que os investidores estão firmando o consenso de que haverá nova queda na
taxa de juros americana. "Se isso não ocorrer, poderemos ter
um cenário mais desfavorável
para o mercado."
Os dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central
norte-americano) vão se reunir
no próximo dia 31 para definir
como fica a taxa de juros de referência dos Estados Unidos,
que está em 4,75% anuais. A expectativa de boa parte do mercado é que seja reduzida em
0,25 ponto percentual.
A melhora das Bolsas no fim
do dia não se refletiu no mercado de câmbio brasileiro.
O dólar encerrou as operações com uma alta de 0,61%, cotado a R$ 1,808.
A recuperação do índice Ibovespa -que reúne as 63 ações
mais negociadas na Bolsa paulista- aconteceu devido à alta
das ações da Petrobras. As
ações preferenciais da Petrobras tiveram valorização de
4,20%, e as ordinárias se apreciaram em 3,49%.
Juntos, os papéis da Petrobras responderam por 20% do
movimento da Bolsa ontem,
que alcançou R$ 5,38 bilhões.
Balanço da Bovespa mostrou
que os investidores estrangeiros mais têm vendido que comprado ações no pregão neste
mês. Nos primeiros 20 dias do
mês, o saldo das operações dos
estrangeiros na Bolsa ficou negativo em R$ 2,83 bilhões. Mas
analistas lembram que os estrangeiros têm participado
com interesse dos lançamentos
de ações na Bovespa, o que demonstra que seguem atentos
aos papéis brasileiros.
(FABRICIO VIEIRA)
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