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Governo faz pressão por contribuição sindical
Ministro e centrais querem que Senado restaure imposto
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo e as centrais sindicais começaram ontem uma
operação para pressionar o Senado a manter o imposto sindical. Em reunião com o presidente interino da Casa, Tião
Viana (PT-AC), o ministro Carlos Lupi (Trabalho) e líderes
sindicais pediram a restauração do imposto, que, na avaliação do governo e de sindicalistas, foi derrubado pela Câmara.
Além de pedir a volta da contribuição sindical, eles querem
que os senadores retirem do
projeto -cujo objetivo é legalizar as centrais sindicais- outra
emenda feita pelos deputados.
A Câmara incluiu no texto
um dispositivo que estabelece a
fiscalização do imposto sindical pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Caso as emendas
sejam suprimidas, o projeto
precisa voltar para as mãos dos
deputados.
Historicamente, o PT e a
CUT (Central Única dos Trabalhadores), braço sindical do
partido, colocavam-se contra o
imposto sindical.
Agora, ao sair em defesa da
manutenção do imposto, o governo afirma que já há um compromisso firmado com o movimento sindical para rever a forma de financiamento dos sindicatos no prazo de um ano.
Esse acordo foi fechado na
discussão sobre a legalização
das centrais, quando também
foi definido que as entidades ficariam com 10% do valor arrecadado com o imposto. "Há um
compromisso. É insustentável
que haja quatro contribuições
para os sindicatos", declarou o
sindicalista e secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antônio Medeiros.
"Aleijão"
Ele foi escalado por Lupi para
conduzir as negociações com o
Congresso e avalia que o projeto que saiu da Câmara é um
"aleijão". Já o ministro do Trabalho pediu aos senadores que
mantenham o texto original do
projeto, retirando as duas
emendas, apelando para uma
questão de "justiça".
"Solicitamos aos senadores
que suprimam essas emendas,
até porque não é de justiça a
gente ter uma parte só da arrecadação punida. Só da parte dos
sindicatos de trabalhadores é
que se retiraram os impostos.
Da parte patronal, não", declarou o ministro.
Segundo relatos dos participantes da reunião, o presidente
interino do Senado prometeu
votar até o próximo dia 15 o
projeto. O senador Paulo Paim
(PT-RS) será o relator da proposta na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado. Na
opinião dele, as mudanças feitas pelos deputados não acabaram com o imposto sindical
nem tornaram o desconto facultativo.
"Só criou uma burocracia para o trabalhador, que precisará
pagar no próprio sindicato se
não autorizar o desconto. Foi
criada uma enorme confusão,
embora a intenção dos deputados tenha sido outra", declarou.
Paim afirmou que marcará para 1º de novembro uma audiência pública para discutir o assunto. Além disso, ele pretende
formalizar no seu parecer o
compromisso de revisão do imposto em um prazo de um ano.
O entendimento do senador
sobre a manutenção do imposto sindical é o mesmo manifestado pela Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados).
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